EU MUDEI...

Mudar sempre desperta um pouco de medo e, também, descobertas. Redescobrindo o passado para enfrentar o presente. Estava diante a uma caixa de papelão e iniciei o meu processo de mudança. Primeiro os livros! Coloquei dentro da caixa os acadêmicos, os literários, os de autoajuda, os bibliográficos, os meus... Hum... Os livros que eu li na escola ficarão aqui. Eles serão mais úteis para os meus sobrinhos que estão crescendo. Preciso de espaço para os novos livros: “Como ter um casamento feliz”, “Entendendo a TPM” e “Guia do Bebê”. Sim! A vida muda...

Em outra caixa, eu resolvi colocar as revistas que eu colecionava na juventude. E, por incrível que pareça, era a Veja. Ficava ansioso pela chegada de cada exemplar. Joguei fora algumas e guardei outras. Sei, estão todas na internet, mas o prazer de folhear uma revista nas mãos é insubstituível. Achei outras revistas mais ousadas que terei que desfazer. Afinal, já sou casado, um senhor de 34 anos, que não precisa alimentar atitudes juvenis. E, afinal, a Tiazinha virou Tia! Mas as revistinhas de quadrinho do Sítio, da Mônica, da Turma da Disney estão garantidas na caixa. Agora, preciso de espaço para as novas revistas. Além das minhas, os exemplares da minha esposa. Aguarde que vem por ai: Casa e Jardim, Cláudia, além de revistas sobre pedagogia, ensino, etc. Ei, posso continuar assinar a Época?

Entre tantas coisas que joguei fora, percebi que os objetos que mantive dentro de outras caixas me remetem a minha infância. Aquele carrinho, aquele jogo, aquela lembrancinha... Tudo tem uma história e desfazer desses objetos é desfazer do meu futuro. Assim os meus velhos discos e minhas velhas fitas estão numa caixa especial. O meu antigo som ainda toca um vinil. E, com certeza, vai alegrar o meu novo lar. Não sei se a minha companheira vai agüentar... “É mudei minha cara, mas por dentro eu não mudo...”

Continuando o processo de mudança, tento não deixar nada para trás. Mesmo que vá entre um livro e outro, o velho Gnomo, que ganhei aos 16 anos, está lá. Esperando o seu novo lar. As fitas do velho vídeo estão em ordem de gravação e prontas para serem vistas. Uma caixa foi reservada somente para elas.

Bom, o processo de mudança deve demorar por algumas semanas. Inovar sem perder a essência é muito mais difícil. O velho quadro do meu quarto deverá encontrar a parede da sala. O novo quadro deverá ocupar o meu quarto. As revistas, os livros, os discos e as fitas deverão voltar para o armário. E no escurinho da noite poderemos ouvir as histórias que cada objeto desses carrega. Afinal viver o presente é respeitar o seu passado. Principalmente quando ele foi feliz e digno!

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