Olhos que olham

Um dia eu olhei com olhos de criança pobre

Para mim mesma sem compreender o certo

Por que minhas roupas eram sempre semi-novas?

Os sapatos eram usados,

Olhando meus irmãos percebiam

Que o lado deles era pior

Pois eles usavam o que de mim apertava

Enquanto eu crescia.

Olhando meu pai trabalhando,

De sol a sol dando duro,

Para que não nos faltasse;

Casa, comida, e estudo.

Estudo que este não teve,

Pois desde cedo trabalhava,

Só teve a escola da vida,

Que te dava e te tirava.

A lagrima escorria do olhar,

Eu enxugava num piscar.

Hoje olho com olhos de adulto.

E não olho só para mim,

Vejo que ainda tem crianças,

Que não tem o que eu tive:

Roupa, sapato, estudo,

Casa, comida e amigos.

Para dormir nem uma cama,

Nem se quer um cobertor,

Olhos vêm e não enxergam,

Um pedido, um favor,

Ouvidos param e não ouvem;

Um pedido, um clamor,

A lagrima escore um olhar

Dessa vez deixo correr.

Apenas o que contenho

É uma revolta enorme

São muitos e muitos a precisar,

E poucos que eu possa ajudar.

Hoje sei que fui feliz com o pouco que tinha,

Talvez se esses o tivessem,

Mais feliz seriam.

graça Noronha
Enviado por graça Noronha em 12/05/2011
Código do texto: T2965853
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