Quando o Nosso Anjo Aparece

*** QUANDO NOSSO ANJO APARECE ***

Eu já citei, em alguns dos meus textos, o quanto de amor tenho pelos animais, mais precisamente pelos pobrezinhos abandonados... aqueles que perambulam pelas ruas, implorando o que comer; outros já estando por demais enfraquecidos,, nem se levantam para pegar a comida. Qualquer pessoa que tenha um pouco de sensibilidade, sofre ao ver este quadro, tão triste, de abandono.

Desde criança, eu sempre carregava pra casa, animais perdidos e famintos e, apesar de uma pequena bronca de mamãe, acabava convencendo-a de que o bichinho precisava de nós e Ela, com o seu bom coração, não só ajudava a tratar, como também, nos ensinava a cuidar. Meu pai, também, era louco por cães; certa vez ia passando um verdureiro acompanhado de um cãozinho preto, com um pelo macio e muito dócil. Ao ver o pobre animal seguindo a carroça do verdureiro, papai perguntou-lhe:

_ Por favor, o senhor poderia me dar este cachorro? Prometo que cuidarei muito bem dele... No que o verdureiro respondeu:

_ Dar eu não posso, mas posso trocar... Que tal o senhor me dar uma galinha?

Prontamente, meu pai mostrou-lhe o galinheiro para que ele escolhesse a que mais lhe aprouvesse... Feita a troca, ficaram ambos satisfeitos, ele, com uma boa poedeira e meu pai feliz da vida feito uma criança. Éramos uma família pobre, mas estruturada e unida, graças à educação que eu e mais seis irmãos recebemos de nossos pais, sempre tão honrados e dignos.

A pobreza e, principalmente, a miserabilidade humana, também é digna da ajuda por parte das autoridades que pouco se interessam em ajudar; se não o fazem por seus próprios irmãos, o que dirá pelos animais? (espero não estar generalizando).

Mas o que isto tem a ver com o nosso anjo que aparece? Eu explico:

Pelos idos de 1985, eu trabalhava numa escola municipal, na vila da Penha, no Rio, como Diretora Adjunta. Ao sair do trabalho, já à noitinha, encontrei um gatinho abandonado muito doentinho. Coloquei-o no meu carro, do lado do carona, dentro de uma sacola de papel. Meu carro usado, bem usado por sinal, precisava de conserto, pois a direção puxava pra direita, obrigando-me a dirigir com cuidado. Como estávamos pra vendê-lo, meu marido optou por não reformá-lo e decidiu que o venderia no estado em que estava. Pra não pegar duas conduções, continuei a usar o carro, mesmo ouvindo as recomendações do meu marido.

No caminho para casa, trafegava por uma avenida de mão única, quando o gato saiu da sacola e se agarrou no meu ombro. Para tirá-lo de mim, larguei uma das mãos do volante e, nesse momento, perdi a direção e bati com o carro em algo que não percebi o que era; pareceu-me que fora no meio-fio, um pouco mais alto do que o normal, e fui parar em frente a uma cerca. Como estava escuro, não reparei que o lado direito estava acabado. Dei por falta do gato e comecei a procurá-lo. Nisso, um senhor debruçou-se na janela do meu lado e perguntou-me:

_ A senhora está ferida?

._ Não, obrigada! Estou apenas procurando um gatinho que estava aqui comigo...

Respondi. _ Com licença, vou dar uma ré para tirar o carro daqui... Como não conseguisse, saltei para ver o estrago e epa!!! Fiquei estupefata! ... _ Como pude destruir tanto assim o carro e não sofrer nada fisicamente, nem meus óculos saíram do rosto! Nosso carro não possuía seguro, mas nós tínhamos e ainda temos um título do Turing Clube que, por muitas vezes, nos socorreu, dando suporte e reboque sempre que

Necessitávamos. Como não havia, ainda, celular, tive de pedir ajuda a uma família para telefonar para o Turing e solicitar o reboque.

O técnico do Turing chegou e eu , ainda sem entender o motivo de tanto estrago, exclamei:

_ Até agora, não sei como consegui estragar tanto o lado direito do carro.

_A senhora bateu lá naquele poste... respondeu

_Eu?!!! Como o senhor sabe? Perguntei

_ A cor do seu carro está toda lá no poste...

..Andei uns trinta ou quarenta metros para trás e lá estava realmente o azul do meu carro,

Voltei para casa no reboque e levando, na sacola, o gatinho doente.

Na batida, quebrei a longarina, a barra de direção e toda a lataria do lado direito foi arrancada.

Vai me dizer que o meu anjo da guarda não é camarada?

Tete Brito
Enviado por Tete Brito em 17/05/2011
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