As Medalhas e os medalhões

Medalha, Medalha, Medalha

Jorge Linhaça

Quem se lembra de Muttley, na esquadrilha

do "Pegue o pombo" comandada pelo Dick vigarista

há de lembrar-se de seus resmungos "medalha... medalha... medalha"

Oras, medalhas honoríficas sempre foram criadas e cunhadas com a finalidade de simbolizar os destacados trabalhos prestados dentro de uma entidade ou agremiação ou fora dela em trabalhos semelhantes.

A medalha Machado de Assis da ilustre ABL deveria servir para premiar destaques na área da literatura em suas mais diversas facetas.

Atribuí-la pois, a jogadores, técnicos de futebol ou dirigentes de clubes, nada mais é do que desvirtuar o seu significado e valor.

A Academia Brasileira de Letras que , ao longo do tempo vem se tornando uma entidade mais politica do que cultural, parece ter perdido de vez a noção de coerência ou o senso de ridículo.

Melhor seria se, doravante, coploca-se medalhas Machado de Assis, em exposição na vitrine com o preço de liquidação bem destacado.

Imagino os escritores e doutores da língua que, agraciados com a até então benemérita medalha tinham prazer de as exibir a amigos mais próximos, como um reconhecimento ao seu trabalho, aos serviços prestados à literatura...deveriam estar, se não estão, sentindo-se surrupiados, engodados, reduzidos a um nada literário, levando-se em conta apenas a medalha recebida.

A desculpa dos ilustres acadêmicos foi de uma hipocrisia sem fim:

"Ronaldinho nunca escreveu sobre futebol, mas tem servido de inspiração para que outros o façam com grande qualidade."

Bem, meus amigos, mais justo seria premiar o saudoso Armando Nogueira com a tal medalha já que, esse sim, era um mestre em transformar futebol em poesia. Espero até que tenha sido premiado em vida.

Se a ABL for usar desse paradigma do "serve de inspiração" , hajam medalhas...Pelé, Zico, Neymar, Rogério Ceni, Airton Sena, Oscar mão santa, Bernardinho e as seleções de Volei...melhor encomendar tais medalhas às centenas.

Eu, de minha parte vou na contra-mão...vou pleitear junto à CBF o prêmio chuteira de ouro deste ano, não por ter jogado futebol profissional, mas por torcer como um louco , escrever sobre o assunto e inspirar os jogadores a fazerem seu trabalho em campo.

Afinal, se a ABL pode dar medalhas a esportistas , a CBF tem a obrigação moral de retribuir, distribuindo chuteiras de ouro e troféus aos escritores.

Agora deixo aqui uma pergunta para que cada um responda segundo a sua própria consciência:

Recentemente o MEC distribuiu "uns livro que diz que escrevê errado não é pobrema" e sim motivo de preconceito...imediatamente um acadêmico da ABL ( desculpem falha-me a memória quanto ao nome)

veio a público externar a sua discordância com a tal "proposta pedagógica"... Oras, se Ronaldinho Gaúcho recebe a medalha Machado de Assis, na Academia Brasileira de Letras, diante de toda a imprensa e sob a concordância de seus membros, que moral resta a essa instituição para querer ainda falar sobre língua brasileira ou portuguesa?

Ah! Em tempo:

Meses atras escrevi à Ilustre ABL com a finalidade de estabelecer um canal de comunicação de onde pudesse receber comentários e orientação para agregar valor à AVPB a qual presido...a resposta que de lá recebi foi : A ABL não realiza esse tipo de atividade.

Agora entendo o porquê, deviam estar todos muito ocupados discutindo sobre as medalhas a serem oferecidas ao Flamengo...

Por isso não podem manter contato com reles mortais de outras entidades literárias.

Não posso deixar de me lembrar de Quintana, rejeitado duas vezes pela academia:

Todos esses que ai estão

atravancando meu caminho

Todos eles passarão

Mas eu...passarinho.