Do Que Gosto

Se eu pudesse resumir minha personalidade em algumas linhas, só conseguiria fazê-la dizendo de tudo o que gosto.

São gostos simples mas que hoje em dia parecem caprichos quase impossíveis.

Gosto, indubitavelmente, do simples.

Me irrito com a complexidade desnecessária, com coisas complicadas que poderiam ser simples.

No amor, gosto de olho no olho, de carinho na nuca, de deitar no colo.

Não precisa repetir todos os dias que me ama, mas preciso conseguir ver isso em seus olhos.

Gosto daquele ciúme sem graça, que a deixa ruborizada mas que depois que sorrio, passa.

Não gosto de uma cara fechada, grosserias e indiretas que poderiam ser ditas em tom de brincadeira.

Na amizade, gosto de cumplicidade.

A sensação de que você, além de confiar numa pessoa, também possui a confiança dela.

A certeza de que, nos momentos difíceis, terão sempre um ao outro e se os dois estiverem em momentos ruins, mesmo assim pararão o mundo pra se ajudar.

Não gosto de pensar muito antes de dividir um segredo.

No trabalho, gosto do “bom dia” dito sem ser por obrigação.

Gosto de respeito mútuo, aquele que independe de hierarquias ou qualificações.

Não gosto de quem sorri pro presidente da empresa e maltrata o estagiário recém-contratado.

Com minha família, gosto do jeito que ela é.

Gosto de pedir a benção aos meus pais mesmo que isso tenha saído de moda.

E gosto de beijar minha mãe antes de ir pro trabalho, ver se minha irmã está bem coberta e ir trabalhar com meu pai, mesmo que maior parte do caminho nós façamos em silencio.

Enfim, para minha vida quero a simplicidade de todas essas coisas reunidas numa só.

Muito do que gosto parece bobo e mesmo assim a vida me priva de muito disso às vezes.

Falar do que não gosto talvez rendesse um texto maior, mas ele também seria mais pesado.

E, se gosto tanto de simplicidade, não posso complicar muito o que escrevo.

Já complico demais o que sinto...