ELA ERA ATEMPORAL

José Ribeiro de Oliveira

Seu sorriso era meigo, um tanto ingênuo, talvez pela delicadeza do seu olhar. Alias um olhar sutilmente bifurcado, não por miopia das suas retinas, mas para registrar maior amplitude à sua volta. E assim, maliciosamente, mostrava-se como uma grande angular e ao mesmo tempo sob o fogo de uma teleobjetiva, todavia, indefinido perante os outros olhares; seus cabelos, em corte lua crescente, avolumavam-se com ligeira entrega por sobre os membros que cadenciavam o seu caminhar, moldurando um conjunto arquitetônico natural de traços implicantementes atemporais; uma face em simetria perfeita ao seu universo anatômico; um semblante irreal de harmonia, irradiando absoluta adaptabilidade à meia noite ou ao meio dia; seus gestos, sem desalinho, ocultavam qualquer dado sobre a passagem do tempo; sua voz não definia, nem a hora nem o dia, nada disso permitia, saber qual a sua idade. Era menina ou mulher? Não era a filha de Zeus, não era ela a Afrodite dos gregos e nem trazia a beleza da deusa Vênus, dos romanos mas, induvidosamente, lhe provera Deus do atributo de maior gosto, a atemporalidade revelada pelos traços do seu rosto.

Professor José Ribeiro de Oliveira
Enviado por Professor José Ribeiro de Oliveira em 21/05/2011
Reeditado em 21/05/2011
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