Constrangimentos da infância I

Há alguns momentos na vida em que nossos ouvidos estalam, um linha gelada percorre a espinha, os olhos desviam para não sei onde, um sorriso amarelo surge enquanto a face confusa teima em tornar-se enrubescida e você tenta fazer cara de miss distraída.

Nesse momento, as pernas avisam que você vai ter que sentar. Vamos brincar de avestruz ? Sim, porque nesse momento tudo o que você queria era abrir um buraco e esconder a cabeça, até que a vergonha passasse...

Quem é pai e mãe (e creio que mais frequentemente as mães) não foi vítima dessa situação ? Os algozes ? Ah! Sim...os algozes...

Nossos filhos.

Aquelas coisinhas lindas, que a gente ama demais, mas que as vezes poderiam ter botõezinhos de liga e desliga até um poquinho depois da adolescência.

Um dia desses recebi uma visita...minha cunhada, minha sogra e uma prima de meu marido, com o filho de 26 anos. Todos na sala tomando café e ele tem a idéia de assistir a um programa na TV, pois é claro que ouvir conversa de mulheres mais velhas só poderia dar nisso.

Seria ótima a idéia se não estivéssemos no horário do desenho preferido da minha filha de 3 anos e 2 meses.

Em alguns minutos ela me chama e fala em meu ouvido:

- Mamãe, coloca no canal do meu desenho.

- Filha espera um pouquinho, a nossa visita está assitindo á TV agora. Vá brincar um pouco! - Respondi baixinho também, para que ninguém percebesse.

Ela foi... de uma volta no sofá, correu um pouquinho, circulou aqui e ali...e voltou.

Sentou ao lado do rapaz, olhou bem em seus olhos e perguntou:

- Você vai demorar muito prá ir embora ?