Noça Senhora Aparessida: çalve-nos

Noça Senhora Aparessida: çalve-nos

O ingnorança chegou ao MEC.

Depois de passar muitos anos de minha vida estudando para aprender a distinguir o certo do errado em matéria de língua portuguesa, cuidando para não derrapar nas dificuldades da minha complexa e rica língua pátria, para acertar na concordância e aplicação da correta acentuação, me sinto enormemente frustrado e injustiçado.

Porque passei noites a fio estudando para concursos, vestibulares, ou mesmo para publicar meus textos sendo que hoje, o que vale e é aceito é a forma disforme de escrever, desde que transmita um pensamento?

Quer dizer que, agora, se escrevo corretamente, estou agredindo os desprivilegiados desse meu país, criados pela mesma ineficiência dos governos e políticos que há muito tempo não se incomodam com o crescimento das barbáries nesta terra.

Se falo corretamente, também seria doravante uma afronta e preconceituoso?

Assim, para não admitir o deslize imperdoável, a polêmica senhora, que não merece ter o nome citado, para que desapareça no ostracismo da própria ignorância, polemiza colocando como elite os que se esforçaram e aprenderam corretamente sua língua.

Ou isso tudo é para dar aceitação de néscios que foram empossados pelo mesmo barbarismo intelectual que assola o país, entre eles o Rei do Solecismo, Sr. Luís Inácio da Silva (Lula)?

Escrever e aceitar o errado com a observação do que seria “adequado” ou “inadequado” foi a forma de disfarce que a autora encontrou de justificar o ignorante mor que ocupou a presidência, cometendo seus constantes deslizes com o vernáculo, perdoável até dada o seu preparo disforme e grotesco em termos de educação, mas que deveria ser o motivador da correção dessas distorções, as quais o tempo se incumbiu vexatoriamente de expor ao mundo. Jamais poderia ser o contrário, ou seja, já que o ex-presidente é assim e não pode se envergonhar, então, que o resto da população passe a ser também como ele: disforme em matéria intelectual.

Hoje os próprios ministros são ignóbeis em termos de escrita e juntam-se de asseclas que procuram elaborar até livros errados como a justificar a sua própria ignorância e deficiência que os colocou à margem da capacidade intelectual que move a economia, através da iniciativa privada, levando-os a se dependurarem nas tetas do serviço público, eivado de benesses e formas de manutenção e justificativas de suas ineficiências congênitas. (nenhum erro até aqui... puxa, acho que eles não vão entender...).

Até entenderia se fossem filólogos estudando a evolução da língua, dita viva, agora a enterrar definitivamente A última flor do Lácio inculta e bela, que tão formosamente o poeta parnasiano Olavo Bilac retratou no seu soneto, é de um descalabro sem precedentes.

Estão buscando nivelar por baixo, ou ainda, até a altura que eles próprios conseguem enxergar ou se expressar.

Esse é o que temos como resultado de governos e legislaturas Brasil afora, onde os alijados do poder, embora sem estômago para suportar as descomposturas políticas, se contorcem para aceitar as tamanhas bestialidades que são externadas aos seus concidadãos, já cansados de tanta hipocrisia e de tantos inúteis que se travestem de salvadores da pátria, empunhando bandeiras já desgastadas e rotas de fracassos demonstrados em outros tempos e usando velhos discursos, cansativos e repetitivos, e pior, sem que se busque criar uma intelectualidade cujas idéias outras possam gerar, levando o país àquela verdadeira evolução política e cultural tão almejada.

Língua portuguesa

Olavo Bilac

Última flor do Lácio, inculta e bela,

És, a um tempo, esplendor e sepultura:

Ouro nativo, que na ganga impura

A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura.

Tuba de alto clangor, lira singela,

Que tens o trom e o silvo da procela,

E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma

De virgens selvas e de oceano largo!

Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

em que da voz materna ouvi: "meu filho!",

E em que Camões chorou, no exílio amargo,

O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

Olavo Bilac, além de poeta parnasiano, cronista, contista, conferencista e autor de livros didáticos, deixou também na imprensa do tempo do Império e dos primeiros anos da República vasta colaboração humorística e satírica, assinada com os mais variados pseudônimos, entre os quais os de Fantásio, Puck, Flamínio, Belial, Tartarin-Le Songeur, Otávio Vilar, etc., assinando, em outras vezes, o seu próprio nome. Nascido no Rio de Janeiro a 16 de dezembro de 1865, foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, em que ocupou a cadeira nº. 15, que tem Gonçalves Dias por patrono. No seu principal livro, "Poesias", incluiu Bilac alguns sonetos satíricos , sob o título de "Os Monstros". Escreveu livros em colaboração com Coelho Neto, Manuel Bonfim e Guimarães Passos, sendo que, com este último, o volume intitulado "Pimentões", de versos humorísticos.

Os versos acima foram extraídos do livro "Poesias", Livraria Francisco Alves - Rio de Janeiro, 1964, pág. 262.

MARCO ANTONIO PEREIRA
Enviado por MARCO ANTONIO PEREIRA em 22/05/2011
Reeditado em 22/05/2011
Código do texto: T2985759
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.