Engenheiro(s)?

A crítica é sempre considerada destrutiva. O pai, a mãe, os irmãos, enfim, toda a parentada e seus penduricalhos de informações e considerações a respeito da vida e do que pode fazer melhor por ela. Uma profissão, por exemplo. Engenheiro. Com todas as suas especificações, conhecemos algumas, ou mais por diante, de acordo com o exemplar aumento dos conhecimentos e mais tecnologia. Consideradas, aperfeiçoadas e confirmadas por outros que nos antecederam, dando condições, melhores, a cada dia, de dizer, com certeza absoluta, que uma obra é bem feita, mal feita, estupidamente errada e assim por diante. E que venham, com essas características de crítica, agora, especificamente para o(s) engenheiro(s), arquiteto(s) e afins, pedreiros que recebem ordens, o estado que permite, as prefeituras que ordenam fazer, não se importando com outras características, essas sim, principais, do local onde será construída cada unidade. Familiar, comercial, industrial e até outros, de artes, cinemas, turísticos, bem, uma infinidade, do qual não faz parte, especificamente, esse teorema que não será de Pitágoras e outros grandes matemáticos. Eles ensinam o que fazer. A natureza trata de lhes dizer, com todos os requintes que consideramos cruéis, que foram, no mínimo, infelizes em dizer o local. E não foi por ordem e aviso da mesma Natureza, cruel, evidente. Ela não liga para nós, quem a representa e criou, pior ainda. Afinal, sou um ser terrível, que desconta tudo o que fazemos. Faz-nos sofrer, perder tudo o que amealhamos em uma vida inteira. E agora, os acordes, sensíveis, na cena mostrada na televisão – em todas – música para chorar – em todas – e finalmente, finalizando, veja só, eu escrevo assim também, em todas as vezes que quero reafirmar o seguinte. Finalizar o finalizando. Gente morrendo.
Casas construídas, anteriormente, destruídas.
Escolas construídas, destruídas novamente.
Comércio encharcado, desafogado, limpo e lá vem a maldita Natureza dizer, vocês estão errados, saiam de minha propriedade. Eu sou o rio. Passo aqui bem antes que vocês tenham vindo. Milhares de anos. Fiz o meu curso, respeitem-no.
A indústria, bem dosada, bem aparelhada, ótima para a distribuição de renda de uma região inteira, com casas – de sua propriedade – para uso dos seus milhares de dependentes. Funcionários, fornecedores, construtores, aviadores, bem, tudo o que a ciência da computação possa afirmar e construir, no futuro, de palavras e futuras profissões. Isso se chama, para os seus titulares, de uma empresa voltada à ciência social do quem querer e otimamente tratar os seus semelhantes. Casas simples, de acordo com a região e o dinheiro gasto nelas. Mas, sempre existe essa palavra, esse terrível contendor de informações e decisões, se pôs assim. Mas... Ele diz. O rio. Mas, vejam só, vocês me invadiram, sem pedir licença. Construíram diques que não contem as minhas águas. Mantiveram enorme quantidade de minhas falanges e ditames sem sequer me dizer, se for falar, discutir e informar, faça com vagar. Estamos no meio do caminho. Pois é, eu, o rio, com esse mas. Desculpem, gente. Tenho filhos também. E eles, de vez em quando, eu avisei, antes, são rebeldes. Como vocês. Avisei, ou melhor,a minha mãe, a Natureza, avisou. Se vocês, engenheiro(s) que fizeram faculdade, aprenderam a melhor construir, forte, firme e bem colocado, não sabem ou são rebeldes também, dessa vez perderam. Pois é. Eu estou arrependido. Mas, olha aqui de novo. Sou somente um rio. De águas presas que, ajudados pelos irmãos do céu, sabe, meus primos, granizo, minhas primas, chuvas e até alguma auxiliar e providencial ventania. Essa é também uma prima, distante. E todos juntos, viemos para uma festa. Pena que em um lugar, por vocês, considerado pobre. E ficou paupérrimo. Vimos o que fizemos. Passou na televisão.
E as cenas, choradas, acompanhadas de um violino, com choro convulsivo do que se tratam, às vezes, nas piadas idiotas dos nossos famigerados integrantes humoristas, dizem, com certeza, de uma maneira indevida, para o(s) engenheiro(s), a(s) autoridade(s), o(s) diretor(es) e o(s) funcionário(s), pai(s) de família(s) que é somente isso. “Perderam tudo do que não tinham”. Ou o pouco que amealharam se foi pela enorme quantidade de meus irmãos. Todos unidos. Água, ribanceira abaixo.
Mas, sempre, lhe dou um aviso. Como existe a vida e a morte, a festa e o fim dela vão voltar. Qual o tempo para isso, não sabemos. Avise(m) o(s) engenheiro(s) e outros afins, esperto(s) e todo(s) o(s) mais que acompanham que voltaremos. Sim, com força, quando unidos. E estamos avisando com amor. Afinal, não gostamos de ver a destruição. Mas se vão construir, novamente, saiam, pelo menos, trinta metros do meu curso. E, se precisarem de nós, a água, por favor, na contenção, reflitam, façam cálculos corretos – vocês, todos, são bastante inteligentes para isso, afinal, ótimas universidades tem em todo o mundo – e as próximas barragens, usinas hidrelétricas, formações rochosas e outras, sejam com formatos corretos. E, por favor, em nome das próximas estações, chuvosas ou não, e, principalmente, de seus filhos queridos, sejam sensatos. Antes de ganhar dinheiro, providenciem para que ele seja bem utilizado.
Ufa, vou tomar um gole de mim mesmo. Fiquei cansado e com sede.
Salve o(s) engenheiro(s) que constroem corretamente.
Salvem as nossas crianças e propriedades.
Parabéns! A profissão merece.
Cilas Medi
Enviado por Cilas Medi em 25/05/2011
Reeditado em 26/05/2011
Código do texto: T2992406
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