Dia de Mudança

Nem todos gostam de mudanças, mas elas são inevitáveis em nossas vidas. Seja mudança de amigos, de celular, de roupa, de estado de espírito ou, como no meu caso, de espaço físico.

Eu não me considero uma pessoa colecionadora, não guardo nada que não tenha utilidade real e imediata, mas me surpreendi com a quantidade de tranqueira que vai acumulando conforme os anos.

Exames médicos de anos e anos atrás, milhares de cartões de visita, cabos e fios com entradas esquisitas que não faço idéia de onde sairam, coisas que eu nem sei se funcionam mas que foram ficando. Não estou falando da minha casa, estou falando do escritório.

Mudei de escritório duas vezes neste ano, sendo uma dessas mudanças para empresas diferentes, e agora me pego mudando de unidade. Ou melhor, a empresa toda está mudando de unidade, estamos relocando temporariamente para reformar o lugar original.

Não sei se dá para imaginar o pó da obra misturado com o dos papeis que não eram revistos há anos. Dezenas de mouses (daqueles antigos, de bolinha ainda, que sabe-se lá se funcionam ou não), cabos perdidos, aparelhos de telefone, catálogos antigos, vários arquivos de pedidos antigos, disketes (ix, não temos mais drive), peças que não sabemos se desmontaram de algum móvel ou se simplesmente materializou ali no fundo do armário. Não sei. Não sei nem se isso tudo vai ficar efetivamente conosco, mas agora não é a hora de sair testando canetas, mouses, monitores e cabos. Vamos colocando tudo em caixas e esperamos testar quando formos desempacotar - se esse dia chegar.

O interessante da mudança é a união das pessoas. Gerentes, faxineiras, vendedores e auxiliares todos juntos numa missão: empacotar. Com as mãos sujas, alguns arranhões (quem não leva um tombo tropeçando em alguma caixa, acaba de ferindo com o estilete ou no mínimo se corta com o papel) e muita bagunça, as memórias começam a aflorar.

Piadas e comentários deprimentes sobre a situação dos outros correm soltos por entre as caixas, fitas e papeis.

Nesse periodo de reforma vamos todos para lugares diferentes, e cada um carrega com si a esperança de que a nova unidade seja boa, não porque tenhamos ambições maiores, mas apenas para não sentir tanta falta daqui e deste momento tão bom que estamos passando.