Jerusalém

Jerusalém
Jorge Linhaça

No dia em que se comemora o aniversário de Jerusalém, muito há o que se pensar sobre o seu e o nosso destino.

Não sei bem se há motivos para comemorar o, no mínimo "estranho" , afã de vários países muçulmanos
em quererem estabelecer Estados Democráticos. Para mim fica a impressão de que há algo oculto sob
o tapete vermelho estendido à chegada desses ares democráticos.

Revolta pela extrema pobreza de parcela da população? Talvez.

Mas o estranho é que o movimento espalha-se como um rastilho de pólvora de fronteira a fronteira.
Não são casos isolados de uma revolução localizada...parece muito mais um movimento articulado.

Se é verdade que o sangue clama nas veias, o meu clama sempre que vejo movimentos estranhos
circundando o Estado de Israel.

Não sou um grande estudioso do assunto e das tais "relações diplomáticas" , não sou de levar muito a
ferro e fogo teorias da conspiração mas, por outro lado, onde há fumaça há promessa de fogo.

Essa conversa toda de tratado de paz entre árabes e judeus estende-se desde que me conheço por gente.
Essa história de "devolver" territórios ocupados durante a Guerra dos Seis Dias em que se tentou destruir o Estado
Judeu, também não é nova. Assim como não são novas as juras de extermínio aos Judeus que continuam
a ser feitas por muitos fundamentalistas islâmicos.

Devolver boa parte dos territórios ocupados, como se pretende no presente enredo, seria um erro estratégico
absurdo por parte de Israel. Israel é um pequeno Estado, cercado de países mais ou menos hostis de todos os
lados de suas fronteiras.

Quando da criação do Estado de Israel, a Guerra dos 6 dias foi uma tentativa de extermínio do estado israelense,
só que o feitiço virou contra o feiticeiro e seus inimigos viram seus territórios ocupados pelos israelenses.

Ao longo dos anos a geografia já foi modificada várias vezes na região, os judeus devolveram parte dos territórios
pacificamente, mas o clamor sanguinário dos fundamentalistas jamais se calou.

Agora derrubam-se regimes "totalitários" e ditatoriais, justamente em países que mantinham relações pacíficas
com Israel...quero ver é se tal clamor pela democracia chega ao Irã, por exemplo...

Já pararam para perceber que o Hezbolah e o Fatah " fizeram as pazes" recentemente?

Será tudo mera coincidência desde o tal "comboio humanitário" até os fatos recentes?

Nem vou apelar para a Bíblia Sagrada e o Apocalipse com sua batalha de Gog e Magog porque
muitos judeus não aceitam o Novo testamento e muitos céticos não aceitam nem a Bíblia nem
o Alcorão ou Corão como querem alguns...mas que, ao menos no caso da bíblia as coisas caminham
para o cumprimento das profecias lá isso caminham.

Esse ódio inter-racial entre povos de uma mesma origem ( são segundo a Bíblia e o Alcorão, descendentes
de Abraão) chega a parecer uma guerra de inventário entre parentes que se julgam merecedores de um
maior quinhão que outros, independente do que defina o Juiz.

Enfim...espero estar redondamente enganado mas que a probabilidade de que..."tentando-se forçar a paz,
deflagre-se a maior das guerras" parece-me cada vez mais próxima.

Jerusalém é uma cidade sagrada para três grandes religiões: Judaica, Cristã e Islâmica...oras, tendo
Jerusalém esse papel de agregar tais crenças em seu chão, como podem pensar em dividi-la em partes
como quem destrincha um cordeiro?

Jerusalém não é dos Judeus, não é dos Cristãos e nem dos Muçulmanos...Jerusalém é território santo para
todos nós e não uma pedra de altar que sirva de desculpas para imolar mais vidas e derramar sangue inocente.

Os católicos tem o Vaticano , os islâmicos tem Meca...deixem então que os judeus tenham Jerusalém.
Que a visitem os cristãos e os muçulmanos, mas já chega de tanta conversa (a) fiada...

Será que os católicos dividiriam o Vaticano ao meio?
Os Islâmicos dividiriam Meca?

Paremos para pensar, apenas para pensar...
Chega de Inquisições, Holocaustos e Infantadas.
Chega de perseguições e juras de morte
Cada qual com sua fé, sua religião e seu direito à vida.

Está mais do que na hora de parar de pensar em enriquecer a industria de armamentos fomentando guerras
e guerrilhas ao redor deste mundo que é de todos nós.

abraços fraternos
Jorge Linhaça




Arandú, 1 de junho de 2011