O CEMITÉRIO

O CEMITÉRIO

*Gilda Pinheiro de Campos*

Ah, meu Deus....

Ontem passei pelo cemitério, e não pude

deixar de parar e entrar,

mesmo sabendo do perigo,

da insegurança....

Mas me deu vontade...

Lembrei-me dos tempos de colégio

quando minha turma

matava aula no cemitério...

Era uma farra...

Corriamos pelas alamedas

entrávamos em alguns mausoléus....

Certa vez me trancaram num...

Não tive medo....

Ali estavam enterrados

um casal jovem ,me lembro...

Tudo isso me veio a mente ,

quando do passeio que fiz...

Quantas perdas de pessoas amadas,

amigos, papai, meus amados tios...

Jimeno tão longe mas

tão próximo do meu coração,

NINO, eternas saudades...

Mas o que me doeu

neste momento foi a perda

do amor que

tarde chegou e cedo partiu...

Uma morte em vida,

tão mais dolorosa do que

o desencarne...

Fiquei ali sentindo a sensação

do abandono, do estar só,

da dor da presença

da ausencia do ser amado...

De como podia ser diferente e não é...

Das dúvidas e mentiras,

do pouco caso, do

abandono...

Claro, como sempre questionei,

mas sem revolta, sem

conformismo...com perplexidade...

Acho que chorei tudo

que ainda tinha por chorar...

As olheiras herdadas desse amor,

mais acentuadas ficaram...

A noite foi mal dormida,

a madrugada me

encontrou na janela

conversando com a

árvore centenária que exala

seu perfume noturno...

a rua estranhamente

vazia e silenciosa...

Ah, meu Deus,

tenho que seguir adiante,

me reinventar, afinal,

sempre foi assim,

a solidão me persegue,

sempre corri dela..

Agora resolvi

caminhar sem pressa...

Com certeza

ela me alcança mesmo...

Gilda Pinheiro de Campos
Enviado por Gilda Pinheiro de Campos em 04/06/2011
Código do texto: T3013891
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