Filhos, melhor não tê-los, mas não os tivermos...

Filhos, melhor não tê-los, mas não os tivermos... Assim diz o poeta Vinicius de Moraes no Poema Enjoadinho. Tantas vezes já recitei este poema em tom de ironia aos meus filhos. Eles riem muito e dizem que não sei viver sem mantê-los por perto. Claro que os amo muito, é inquestionável minha paixão por eles. Não, que eu acredite em instinto maternal e nestas baboseiras que dizem: toda mulher nasceu para ser mãe. Eu diria que ser mãe é uma escolha e um aprendizado diário. Também há horas que nos sentimos exaustas de pagar contas, fazer comida, organizar a casa, servir de motorista e cobrar mais estudo e organização. Ás vezes, digo cresçam, pelo amor de deus, antes que eu pire!! Mas, eles são adolescentes e como todos são questionadores ao mesmo tempo alienados ou simplesmente lhes falta maturidade para entender certas coisas. A maturidade que cobramos demora muito a chegar, às vezes, não chega. Parece um cabo de guerra, se não cobramos as atitudes apropriadas, aplicação nos estudos com boas notas, a vida vai lhes cobrar em dobro. Por outro lado, quando exigimos, nos gritam que queremos demais e citam como os amigos vivem livres, tiram notas baixas e está tudo bem.

Na maioria das vezes, me bate um desespero: devo me calar e fazer de conta que está tudo bem, deixá-los livre tais quais os amigos. Sei lá, posso estar errada. Mas, não desisto de educar bem meus filhos, mesmo que isso, na maioria das vezes, me machuque muito. Gostaria de protegê-los de tudo e dizer tudo não precisam de muito esforço para se viver bem. Porém, eu não sei o que os espera no decorrer de suas vidas, assim cobro uma luta diária de estudos e comprometimentos. Olho para meu garoto de dezessete anos, doce e muito bom, mas se recusa a amadurecer pensa que a vida é uma eternidade de prazeres. Não quer sair da terra do nunca, já disse a ele: não adianta desistir do crescimento, tu vais crescer mesmo assim. Entretanto, me magoa o medo que vejo nos seus olhos. Ele está terminando a escola e vai fazer vestibular, é uma época muito difícil. Claro tenho muita vontade de dizer: não te preocupes vou te cuidar eternamente. Ás vezes, eu tenho medo do medo que vejo no seu olhar. Sei que ele se encontra numa travessia muito complexa, vai deixar a escola que viveu desde os dois anos ou seja criou-se lá. O mundo conhecido da escola vai terminar,tudo será novo além dos muros dela. Há vários caminhos, ele não sabe o que escolher. Alias, o meu menino nunca foi muito bom em escolhas.

Filhos, melhor não tê-los... Por difícil que seja criar um filho ou dois como no meu caso. Ainda assim sou muito feliz quando escolhi tê-los e não dei ouvidos a este verso do Vinicius. Sou amiga dos meus filhos sempre que estamos juntos damos boas risadas. Ás vezes, eles me castram me dizendo para eu não fazer determinadas coisas e eu lhe respondo desaforadamente: sou dona do meu nariz. Adoro ouvir: boa noite, mãe, te amo muito. Sim, a vida é mais difícil e mais fácil com os filhos. Não. Não me digam que sou contraditória, pois ter filhos é viver num eterno paradoxo. Sim, eu respondo ao poeta Vinicius: filhos é bem melhor tê-los. Quão de tristeza seria a vida sem suas risadas cristalinas, amigos imaginários, bagunça diárias, abraços apertados e beijos melados. Não concordam comigo?

Isa Piedras 5/6/2011

Marisa Piedras
Enviado por Marisa Piedras em 05/06/2011
Reeditado em 22/07/2011
Código do texto: T3016001
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