CAMPOS  DE  AZEVÉNS


      Por  conta  de  minha  mais  recente  mania  tenho carregado uma  máquina  fotográfica  sempre comigo.
 
      Decidi  que  nenhum  cenário  que  me  agrade haverá  de  ficar sem  registro.

       Muitos  dêles atiçam-me o  desejo  de  escrever,e  aí,os  recantistas  amigos  que  frequentam  minha  escrivaninha que  me  perdoem,mas 
terão  de aguentar  as  minhas  chorumelas.

       Assim,eis  os  "campos  de  azevéns" por  onde  andei  na  tarde  de domingo.

        Uma  imensidão branca  à  perder-se  de  vista.

         Delicadas  flores  de um  arbusto  cuja  sina  é  adubar a terra  e,
eventualmente,integrar  a  ração  de  cavalos  e  vacas.

         Muito  em  breve,ainda  durante  a   florada,a  truculência  de um  trator  adaptado  à  grades  aradeiras  passará   impiedoso  sobre   o  tapete  branco  soterrando-o  em  preparo  à  terra  que  fará  brotar  os  futuros  campos  de  trigo, de cevada , de soja...

         O  espetáculo  que  a  natureza  produz  nesta  "primavera  de  outono"  é  algo  que  sensibiliza  até  um  coração embruteçido.

         Fica  o  registro  da  magia  em  branco  sob um  céu  anilado.

          A  aragem  fria da  tarde  executava uma  valsa.Dançavam  azevéns  na  vastidão  florida  da  planície.

          Pensei  em  Straus e  as  "lendas  dos  bosques  de  Viena",a  imagem  me conduziu  a tais  devaneios.

          Mais  alguns  dias  e  tudo  será  apenas  terra  revolvida.

          Quando  daquêles  leitos  a natureza  parir  trigais,queira Deus
possa  eu  estar  de  máquina  em  punho.

           Ventos  mornos  hão  de  executar  novos  valseados  e  eu  os  captarei   carinhosamente  para  vocês.