O dia ruim

Cadê a felicidade que estava aqui? Que tristeza foi aquela que me abateu ontem e, sem avisar, chorando se foi? É incrível como o nosso estado de espírito pode variar tanto de um dia para o outro, quando não da noite para o dia.

Creio que só pode ser pela coexistência em nossa vida, o tempo todo, de todos os elementos do drama e da comédia. Nunca faltam motivos para estarmos afundando em melancolia ou em radiante alegria. Somos reféns da memória curta e de uma tendência ao sensacionalismo.

Fato é que não costumamos viver um dia ruim como apenas um dia ruim. O dia ruim nos dá impressão de uma vida ruim. Alguma vez tudo, tudo mesmo, esteve errado? Claro que não. Mas vá se dar conta disso nas piores jornadas diárias.

Sabendo que não haverá dia em que um grande problema destrua tudo o que já nos fez e nos faz felizes, por que sucumbimos às vezes e temos tantas noites mal-dormidas? Noites em que, não bastando nosso infortúnio, avaliar como o mundo tem sido ingrato com tanta gente? Dá vontade de voltar para o útero.

Por isso que é imprescindível saber conviver com o dia em que nada deu certo. Evitar querer, justo neste dia avaliar, todo o resto que nos cerca, pois o mau humor a tudo distorce. Se estamos bem de saúde, se as pessoas que amamos estão bem e preocupadas conosco, se não nos falta algo de muito necessário para levar a vida, um dia ruim não pode ser nada além de um dia ruim.

Enquanto as respostas forem positivas, como normalmente são, vamos conviver, sem traumas, com o dia ruim.

Andrei Andrade
Enviado por Andrei Andrade em 08/06/2011
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