COMIDA "de luxo"



Imagem: Digitalizada da matéria publicada na revista


Estava lendo uma matéria publicada em uma revista dominical que, entre outras futilidades, citava o cardápio elaborado por determinado restaurante especialmente para o “Dia dos Namorados”.
 
Não tenho por hábito escrever sobre “temas de época” (Natal, Páscoa, Dia das Mães, essas coisas). Mantendo a tradição, também não vou falar do tal dia, mas sim, do cardápio do tal restaurante.
 
Eis o que diz, resumidamente, a matéria: “O restaurante preparou um menu especial, que será servido tanto na noite de sábado quanto na de domingo. Com o valor de R$ 240,00 por casal – bebidas e taxas de serviço não estão inclusas – o cardápio tem o creme de espinafre e pinole como antepasto. As entradas são tartar de salmão (foto que ilustra este texto) e suflê de alcachofra e camarão. Os pratos principais são o ravióli de lagostim e a tagliata de mignon com radicchio, purê de batata e queijo brie. Já a receita da sobremesa batizada de Nuvola D’Amore (Nuvem de Amor), é surpresa” (sic).
 
Bem, R$ 240,00 apenas para comer esses “pratos sofisticados”, já entendo como um assalto. Se você considerar que um casal apaixonado não vai se contentar em beber água e nem refrigerante, mas pelo menos um vinho tinto nacional, pode acrescentar, por baixo, mais uns R$ 80,00, o que já eleva a conta para R$ 320,00 (se o vinho for importado, ponha reais nisso). Levando-se em consideração que a taxa de serviço seja de 10%, subimos mais R$ 32,00, perfazendo assim um total mínimo aproximado de R$ 352,00 (sem contar eventuais periféricos – água, flores para a dama, café, licor, etc.). E, como é do conhecimento geral, as porções servidas nesses lugares ditos “de luxo” não dão para alimentar nem dois passarinhos, quanto mais um casal de adultos.
 
Acho interessante que as pessoas saiam de suas casas para ir a bons restaurantes. Além de largar a rotina, vem a ser um bom programa social, seja a dois ou com amigos (e até sozinho, por que não?). Agora, pagar uma exorbitância apenas pelo luxo e pelos nomes sofisticados, isso eu realmente não faço. E não é uma questão de ter um escorpião no bolso como você pode estar deduzindo, mas sim, pelo fato de considerar-me desrespeitado e até aviltado por esses pseudocomerciantes que geralmente não entendem nada de gastronomia, mas somente de lucros, estabelecidos numa cidade que se diz “progressista e que não para de crescer” (sic).
 
Não vou defender e nem fazer a apologia do arroz, feijão, bife, batatas fritas e salada de alface com tomate para um jantar de comemoração. Mas, pelo menos por esse prato (e outros da nossa culinária) costuma-se pagar um preço justo, além das porções serem condizentes com o apetite de cada um.
 
 
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Arnaldo Agria Huss
Enviado por Arnaldo Agria Huss em 09/06/2011
Código do texto: T3023025
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