Voce ainda me quer?

- Marília! É você mesma? Quanto tempo, menina?

- Sou eu mesma! E você, é você mesmo?

- Me dá um abraço! – cobrei.

E nossos corpos se entrelaçaram num longo e afetuoso abraço, para espanto dos transeuntes daquele espaço, admirados com nossas reações.

- Meu Deus – falei – estou amassando suas combuquinhas...- disse eu repetindo uma velha brincadeira que fazia devido aos belos seios que Marília possuía. Possuía não, ainda possui.

- Ah! Você continua o sem vergonha de sempre! Não mudou nada esse tempo todo.

- Mudar pra quê?

Marília tinha dezessete aninhos quando nos conhecemos. Apesar da pouca idade, já era uma mulher decidida, soberana de suas vontades.

Sempre foi uma mulher fashion. Era um tipão. Vestida em sua calça jeans bem ajustada no corpo, onde ressaltava cada pedacinho de delícia que era seu corpo, fazia qualquer mortal perder a respiração; faltava ar e chão para pisar.

Sempre detestou usar sutien – que para nós – oh maravilha! Um lindo par de seios, durinhos e empinados – do tipo fura blusa - sabe como é que é? - como a olhar para cima, desprezando de nós aqui em baixo.

Era realmente uma criatura admirável. Como adorno, um par de olhos como nunca mais vi outros; claros e cintilantes. Meigos e cativantes uma hora; lascivos e sedutores momentos outros, quando assim se fazia a ocasião, acompanhado de uma boca carnuda, sempre pintada de um vermelho “cheguei”.

Tentei encantá-la de muitas maneiras mas, educadamente ela sempre me repeliu. Tentei seduzi-la com presentes, que ela também recusava. Nunca dava ouvidos às minhas cantadas. “Somos amigos, amigos para sempre”. - dizia sempre, agarrando meu rosto e me tascava seguidos beijos amigos. Nas bochechas, vocês entendem, né?

Agora estava aqui em minha frente. Mais linda até. Com um semblante mais maduro. Como sempre, soberana.

- Amassei seus empinados? – cobrei novamente.

E num gesto de quem afaga com carinho, com as duas mãos nos seios:

- Agora eles estão caidinhos... - lastimou-se.

- Que nada Marília, caídos não, eles agora estão olhando pra mim.

E de repente, àqueles meigos e cativantes olhos voltaram a me envolver.

- Você ainda me quer? – ela me perguntou.

Faltou ar, faltou chão e uma sensação inebriante envolveu todo meu ser.

A avenida Rio Branco e a esquina com a rua do Ouvidor são testemunhas.

Dmir Pessoa
Enviado por Dmir Pessoa em 16/06/2011
Reeditado em 28/03/2013
Código do texto: T3039029
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