Fique sem balas

Infelizmente essa história é real e passou-se na Tijuca, lá no Largo da Segunda-feira, na esquina da "Rua Aguiar, que foi aberta nas terras do Comendador Sebastião da Costa Aguiar, proprietário da Chácara do Vintém, onde ficava localizada a Fonte do Vintém, que fornecia água que era vendida em copos aos transeuntes e em barris de madeira até 1900 e segundo Machado de Assis era a água preferida dos cariocas." Tínhamos ali depois os bondes, um mercadão que hoje é Supermercado, e já na Code Bonfim, em 70 comemorávamos a Copa com a Rua Aguiar, numa multidão contente e contestatória de hábitos.

O Largo da Segunda-Feira fica no encontro das ruas: Haddock Lobo; Conde de Bonfim e São Francisco Xavier.

Hoje temos o PAC - Programa de Aceleração do Crescimento. Porém mudança de hábitos que trazem questões sociais que não podemos negar, os meninos que antes estavam por lá auxiliando no tráfico, agora desceram as ruas para furtos e pequenos assaltos.

Eu hoje vou contar uma história real e de alerta as autoridades.

O caso é que entrando numa loja de balas, pude perceber um movimento estranho.

Vi claramente um moço pegar um menino pelas mãos e levá-lo para trás da loja!

E ouvi os gritos terríveis!

Claro que como cidadã e participativa da sociedade, não pude deixar de intervir, só o poder público poderia julgar ou condenar um menino por pegar balas ou furtos. Ele claramente era menor de 14 anos.

Descobri que os negociantes locais estão contratando seguranças particulares para diminuir os pequenos furtos com base na opressão de vistoria de mochilas e outras atitudes.

Essa resolução pessoal de comerciantes locais é inadimissível!

Temos ali mesmo em frente guardas municipais e policiais. Porque não são chamados para intervir???

Considero que apesar da minha atitude direta e firme, claro, eu tirei o menino do cubículo e vim gritando lá de dentro da loja em sua defesa sem pestanejar - Você não pode fazer isso! - Não é polícia, não é advogado, ele é de menor!

_Eu tomei as dores do guri e sim, esperaria com ele se preciso fosse, até chegar uma autoridade ou seus pais.

Não dou razão a ladrão, mesmo que seja de menor, porém do jeito que ele gritava e gritam todos os meninos que apanhados por pequenos furtos são julgados no local!

Socorro!

Essa é a medida muito conhecida por certos sujeitos que as fazem, sem ter alguma autoridade sobre os demais.

Eu mesma, tão descrente da Justiça nesse país, tive que apelar em nome dela.

Esse caso infelizmente é real.

Devemos refletir e parar de deixar para depois os atos como esse de violência.

Sei por pesquisas minhas anteriores, que há muito tempo, médicos e enfermeiros, deixavam para depois questões de violência doméstica contra crianças e menores espancados ou violentados dentro de casa.

Violência e omissão, sempre parte da mesma moeda. E violência gera mais violência.

Devemos não só nos preocuparmos, devemos denunciar, tomarmos as devidas precauções e atitudes imediatas.

O depois pode ser tarde!

Eu faço por outros o que gostariam que voces fizessem pelos meus.

Assim é a vida. Uma corrente do bem para gerar mais atitudes do bem.

E pergunto?

O que fazer para diminuir a dificuldade de tantas crianças que já acostumadas com certas regalias ou por serem indiretamente ligadas ao poder paralelo do tráfico estão por ai perdidas?

E com os drogados e abandonados?

Acho que cabe a sociedade tomar atitudes e tentar pequenas ações para retirá-los desse lugar.

Construiremos mais espaços de aprendizado e lazer, mais escolas técnicas, mais atividades voltadas aos menores e grátis.

Convido empresários e comerciantes ao reprocesso de participação e entendimento social. E se queremos um Rio de Janeiro sem tráfico, devemos auxiliar as família pobres, nessa mudança de habitos. E convido as pessoas de bem para a reflexão e tentativa de algumas soluções sociais.

Por hoje deixo aqui esse depoimento e dizendo a todos que eu também tive medo!

E por um tempo, fico sem comprar balas.

Abraços e um bom dia a todos.

Diana Balis.