Foi-se o tempo



Foi-se o tempo
Onde a ditadura do próprio tempo
Temporalizava o meu viver.
 
Viver é coisa única de momento.
 
Viver é existir bioquimicamente.
 
Viver nossa humanidade
É realizar o instante de nossa rede neural.
 
Viver só faz sentido, para mim, no aqui e no agora.
Só vivemos no presente.
 
Vivemos a eternidade do momento presente.
Por mais que deseje me agarrar a cada instante presente, ele é arredio e ousa não me permitir agarrá-lo. Ele é sempre novo, transformado, prolongado e eternizado. O presente é mágico em sua eternidade. O presente, não obstante minha ignorância em tentar percebê-lo como móvel, é eterno em sua existência como presente.
 
Do nada temporal para nossa existência nascemos, e desde então, apenas e tão somente, vivemos cada arredio e transformado momento presente.
 
Nem mesmo a morte experimentaremos.  Ela é futuro indistinguível. Enquanto vivo jamais experimentarei a morte. Quando desta vida me for, não mais serei capaz de experimentar nada, sequer a própria morte.
 
Enquanto vivos muitos tememos a morte. Não deveríamos gastar esforço algum temendo algo que jamais experimentaremos. No fundo tememos perder o que temos, tememos perder os prazeres que sentimos, tememos não mais poder ajudar nossos filhos e amigos.
Entendo como insano temer a morte enquanto morte.


Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 20/06/2011
Código do texto: T3046882
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