Que vício!

Sou hiperativa. Não consigo ficar parada muitos minutos.

Por isso, sento-me poucas vezes para escrever. Só que, quando o faço, perco-me em divagações, enquanto meus dedinhos correm, como loucos, sobre as teclas, tentando acompanhar o furacão dos meus pensamentos.

Começo e não consigo parar. Se eu não me policiar, meus textos saem sempre prolixos...

A concisão não é o meu forte - se posso dizer algo usando 600 palavras, por que usaria apenas 20? É... pobres leitores que, por acaso se deparam com meus textos. Precisam de fôlego extra para chegarem ao final, ufa!!!

Escrever, para mim, está se tornando um vício. Quando não consigo tirar alguns minutos, (ou horas) para fazer jorrar o que me vai n'alma, eu me sinto frustrada, incompleta, com um desejo ardente e urgente de fazer o meu encontro secreto com o mundo irreal, com o inimaginável.

Fujo, alço vôo. Percorro distâncias fantásticas. Visito seres inconcebíveis. Falo línguas estranhas. Vejo paisagens fantásticas... para depois voltar, leve, solta, aliviada, como após um êxtase de amor.

No dia em que nada escrevo, sinto-me em débito, comigo mesma e com o mundo, por ter deixado de cumprir uma obrigação, digamos assim... quase sagrada.

Depois de colocar na tela os pensamentos que meus dedos conseguiram capturar do turbilhão de pensamentos, vem a fase da triagem: erros, falhas, inconsistências, rimas paupérrimas, pensamentos incompletos...ah! que trabalheira "limpar" o jardim, das ervas daninhas. Nem sempre consigo fazê-lo a contento.

Essa fase, certamente, é menos interessante que a anterior. Aí vem o trabalho acadêmico - não mais o do poeta. Aí, não mais reina a liberdade incontrolável,irrestrita, absoluta da imaginação.

Aí,há regras a serem seguidas e essa volta ao mundo real tira um pouco do sabor do sonho. Mas, o que fazer? Se quero transmitir o que sinto, devo me submeter, com docilidade e fazer a "tarefa de casa".

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Bem, penso que o que aqui descrevi, aplica-se a quase totalidade dos artistas das letras, mas senti-me bem colocando, em palavras, esse laboratório de idéias, que é o nosso trabalho de criação.