Nada de novo

Nada de novo

 





Não, nada de novo. As escolhas já foram feitas e só se paga aquilo que é suportável pagar. A qualidade do instante precisa ser lida com eficácia. E se não for mais o momento de agradecer, e sim, de levar uma vida de agradecimento? Se não for mais a hora de agir incondicionalmente e sim de separar aqueles que erraram, por amarem demais, daqueles que simplesmente queriam demais?

 

Nada de novo, as surpresas da vida podem ou não carecer de palavras, mas a capacidade de se colocar à salvo de enganos, aparentemente, de pouca monta, deve estar sempre afiada.

 

Amigos bêbados de si mesmos, mulheres tresloucadas de tantos equívocos, saudades endurecidas pela falta de eco, pessoas esfaimadas pela ausência de tudo, curvas ascendentes de má conduta em todas as direções, nada disso é novo e nem mesmo o nosso engano acrescenta ou diminui a absoluta falta de surpresas em mil viveres. A única ilusão válida é o passar do tempo. Nada de novo, como se soubéssemos de tudo. E mesmo que soubéssemos, nem por isso a flor perderia o perfume e o céu mudaria de cor. As perguntas e as respostas são sempre as mesmas. Quantas vezes e de quantas formas já senti medo? O que me induz à (i)lógica especulação de que nada serve o amor represado. De nada serve a justificativa para represá-lo. Justificativas são julgamentos disfarçados.

 

Chega, hora de dormir, ou quem me dera, hora de chegar no sonhado estágio: como parar de pensar sem pegar no sono.



(Imagem: autoria desconhecida)

 

Bernard Gontier
Enviado por Bernard Gontier em 27/06/2011
Reeditado em 21/10/2021
Código do texto: T3061221
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