Realidade e Percepção



Entendo, longe de ser dono absoluto da verdade, que a realidade independe do como a percebo ou mesmo do como a interpreto, conscientemente, por minhas ferramentas cognitivas.
 
Conforme entendo, a percepção e a interpretação cognitiva dependem do estado mental e da situação neurofisiológica de momento de cada observador. Depende também de sua curiosidade, de seu foco e até mesmo de sua localização espaço temporal em relação ao evento real. Para não ser taxado de leviano, entendo inclusive que outras condições possam interferir nesta mesma capacidade de percepção/interpretação, desde situações orgânicas, fisiológicas ou do próprio ambiente em que a dualidade evento/percepção está inserida.
 
Mesmo que sabedor que hoje, o status do conhecimento quântico permite a multiplicidade de estados sobrepostos e que é a incerteza uma regra central ao universo subatômico, entendo que no mundo macroscópico todas as alternativas e possibilidades colapsam, a menos de uma, que representa assim a realidade de cada evento.
 
Entendo também que eventos não são passiveis de valores de verdade. Fatos são fatos. Alocamos valores de verdade ou de falsidade na interpretação do evento ou na percepção do mesmo. Podemos alocar valores de verdade também na tentativa de obter a intenção primária, quando pertinente, aquele evento, ou mesmo na “causação” deste, devido a complexidade absurda, natural a multiplicidade de possíveis causas diretas ou indiretas que afetaram e propiciaram a realização daquele evento.
 
Nossa limitação mental, e mesmo nossa limitação sensória, ou também da tecnologia que dominamos, nos impede de ter certeza de todas as causas, principalmente as indiretas sobre algum evento.
 
Mas nada disto nos impede de, dentro de nossas limitações, viver, amar e caminhar. Devemos apenas ter a certeza que talvez jamais saibamos verdadeiramente a essência e a completude de qualquer evento ou fato, uma vez que nossas limitações bio-quimio-fisicas nos limitarão e afetarão nossa real compreensão de cada fato ou evento. Afinal somos humanos e falíveis, por mais que alguns “xamãs” se achem infalíveis quando investidos de sua hierarquia religiosa.


Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 30/06/2011
Reeditado em 30/06/2011
Código do texto: T3066424
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