Meu marido italiano

Esther Ribeiro Gomes

Sempre que me refiro ao meu falecido marido, digo ‘meu marido italiano’ e minha amiga Tere argumenta que falando assim, parece que

tive vários maridos, cada um de uma nacionalidade... rsrsrs

Agora vem meu amigo Alberto dizer a mesma coisa...

Ele brincou comigo, dizendo que em vez de eu digitar os 19 dígitos (contando os espaços) de ‘meu marido italiano’, era mais fácil dizer simplesmente Dante, com apenas cinco dígitos...

Aqui no Recanto tenho um bom amigo gaúcho, ótimo cronista e poeta,

que também se chama Dante e faz lembrar-me do meu, que se foi para junto de Deus!

Antonio, meu primeiro marido, era neto de italianos, mas morreu aos cinquenta e um anos, de cirrose, por excesso de bebida alcoólica.

Fiquei viúva cedo, aos trinta e seis anos e com três filhos.

O segundo, Dante, era também viúvo e vinte anos mais velho que eu.

Ele nasceu na Itália e veio para o Brasil depois da segunda guerra, aos vinte e cinco anos.

Quando o conheci, ele tinha cinquenta e sete anos, eu, trinta e sete

e ainda muitos sonhos pela frente...

A convivência com ele durou quinze anos e foi muito prazerosa.

Era um homem alegre, como todo bom italiano, dançava muito bem,

gostava de viajar e conhecer novos lugares.

Fizemos inúmeras viagens ao nordeste, lugar de gente alegre, acolhedora e de belíssimas praias.

Também íamos sempre à Itália, onde ele tinha muitos parentes.

Já contei aqui no Recanto algumas das nossas viagens inesquecíveis,

mas hoje restaram apenas lindas recordações.

Colleferro, cidade do Dante, era pertinho de Roma e lá ele tinha um grupo de amigos que se reuniam todas as sextas-feiras à noite na casa de campo de um deles para comer bem, jogar baralho e também conversa fora.

Nessas reuniões semanais que se chamavam ‘Venerdi’ (sexta-feira), as mulheres não podiam ir e eu dizia que era o ‘Clube do Bolinha ’...

Mas aos domingos nós íamos também, fazíamos um gostoso almoço

e jogávamos cartas, enquanto os homens jogavam bocha e depois dançávamos.

Era muito gostoso e nos divertíamos à beça!

Romano, irmão do Dante, cozinhava muito bem, fazia massas com molhos divinos e às vezes fazia polenta com um delicioso molho de tomate, carne moída, linguiças e costelinhas de porco que ficavam cozinhando por horas a fio.

No centro da enorme mesa era colocada uma travessa retangular de madeira, onde se jogava a polenta e por cima esse molho suculento

com queijo ralado. Só de lembrar me dá água na boca...

Como os italianos gostam de comer bem!

Levam a comida muito a sério, as refeições duram horas,

regadas a ótimos vinhos e muita alegria!

Que saudade da bela Itália e dos momentos inesquecíveis lá vividos!

Esther Ribeiro Gomes
Enviado por Esther Ribeiro Gomes em 04/07/2011
Reeditado em 04/07/2011
Código do texto: T3074798