O Ladrão de Carros

O ladrão de carros

— Seu nome?
— Pseudônimo.
— O senhor se chama pseudônimo?
— Não, moço, vou lhe dar o pseudônimo: Francisco das Chaves.
— Não pode ser o pseudônimo. Tem que ser o nome.
— Só posso dar o pseudônimo. O nome verdadeiro, só minha saudosa mãezinha sabia.
— Tudo bem, Sr. Francisco das Chaves, o senhor é casado?
— amasiado.
— Tem filhos?
— Eu sei de três.
— Qual é a sua profissão?
— Como é?
— Sua profissão: pedreiro, motorista, marceneiro...
— ah tá. Ladrão de carro.
— Ladrão de carro?
— É. O senhor num é repórter? Eu sou ladrão de carro.
— Mas eu estou escrevendo tudo o que o senhor está dizendo. Vai sair no meu jornal.Vão querer prendê-lo.
— Num vão, não. Eu dei um nome falso. E o senhor num vai tirar foto de mim, vai? Nem vai me dedurar, vai? Porque o senhor também tem carro e eu não ajo sozinho, essas coisas que o senhor já sabe.
— Claro que não, senhor. Mas o senhor não pretende mudar de profissão? Algo assim digamos...
— Honesto?
— Isso. Honesto.
— De jeito nenhum. Que emprego no Brasil paga 1.500 reais por mês por apenas algumas horinhas de trabalho?

Cleo Oliveira

Setembro de 2004.
Cleo Oliveira
Enviado por Cleo Oliveira em 04/07/2011
Código do texto: T3074964
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