Trem atrasado.
 
Não existe quem me convença, me faça entender, e principalmente aceitar a finitude da vida... Estou infelizmente na fase de filosofar(?)de ter a cabeça cheia de “minhocas”.
Mil pensamentos sobre isso passam pela minha mente tortuosa, mas sei que essa é única verdade verdadeira, não sou tão “tapada” assim!
Mas daí a aceitar, são outros quinhentos como dizia minha avó.
Eita vida danada!Vida besta!
Quando era pequena tinha um montão de tios, tias, primo avôs, avós, pai, mãe, isso só para citar os parentes, uma família enorme e muito unida...
Conforme fui crescendo, aos poucos eles foram “embora”.
Saíram da minha vida sem se despedirem...
Quanto mais o tempo passava menor ficava minha família.
Hoje restam apenas dois tios, e alguns primos espalhados pelo mundo...
Meu pai e minha mãe sempre gentis, deram demonstrações de sua partida devido a idade avançada, e mesmo assim quase me levaram junto com eles...
Mas meu filho não. Ele partiu e pronto!
Em troca de tantas perdas, a vida me deu três amores, meus filhos e neto, uma benção que agradeço muito.
Mas pensando bem...
Cansei de tantas perdas...
Puxa vida, estou quase só...
Todos os que conheci desde a infância e para os quais eu poderia pedir apoio, amar e me sentir amada não estão mais aqui.A meninha e moça que fui o tempo levou...
É por isso que digo que aceitar que sou um ser mortal, que cresci, que estou envelhecendo e daqui a algum tempo também vou embora, me dá arrepios de revolta.
Ainda bem que quase nunca penso nisso!
Caramba, que coisa mais chata e deprimente, até minhas fotos, recordações e lembranças vão ser jogadas no lixo para desocupar lugar, com certeza meus (?) descendentes perguntarão:
- Nossa quem era essa mulher da foto toda embolorada?
E ouvirão a resposta:
- Não sei... Joga fora ninguém sabe quem é...
Sabe aquelas “bobagens” que a gente guarda? Como aquela flor que o namorado nos deu, aquele cartão que sua melhor amiga mandou junto com a foto de casamento?
Tudo acabará comigo.
Mas minha vaidade e amor a vida não aceita essas verdades, burra que só, sofro quando chego a determinadas conclusões, como se isso adiantasse alguma coisa.Ô tipo de pensamento inútil...
Azucrinante né?
E tem gente que ainda quer me convencer que devo aceitar que um dia tudo acabará!Pára com isso!
Xiiii ! Morro só de pensar nisso...
Fico triste pela ausência de quem muito amei, eles sempre estão presente na minha vida, no meu pensamento, mas não quero me encontrar com eles tão cedo.
Peço licença a Cristina Jordano autora da poesia Mar do Medo, postada no Recanto para citar uma frase sua que explica bem meu sentimento, acredito que nunca saberemos “Navegar sem as ausências”.
Muitos poderão fazer isso, mas com certeza não sou um deles, e não adianta vir falar de filosofia, religião, fé, crença ou seita...
O pior é que estou vendo que minhas forças estão acabando assim como minha disposição e paciência, estou ficando rabugenta e cada dia mais parecida com a minha mãe que era temida por falar as verdades com a maior carinha de anjo. Tento me “controlar”, mas é difícil ...
Que droga!
Como já escrevi certa vez, estou indo morro abaixo, mas continuo com o pé no freio! O dia que tiver que partir, eu vou, mas vou sapateando sob protesto!
Sinto a falta do que estão “do lado de lá”, mas terão que ficar calmos.
Vou tentar perder o trem da partida, senão conseguir ao menos vou chegar muito atrasada...

 
 
M.H.P.M.