AS MENSAGENS DAS RUAS ANTIGAS
 
 
Ruas das minhas lembranças. Ruas de terra solta, de poeira farta que se transformavam em lousas a exporem sentimentos juvenis.
A pedra branca de cal insinuava e desvendava os íntimos segredos.
Nelas, as ingênuas declarações sentimentais dos moços. Lá escreviam: “Rosália te amo” Mas quem amava Rosália? O anonimato da mensagem incutia na amada a curiosidade de saber quem era aquele atrevido Romeu.
O coraçãozinho dela então palpitava em meio a suspiros arrebatados.
Quem será? Se bem que, no fundo, o apurado instinto feminino já pressentira o autor. Os olhos da mulher enxergam longe!
Jorge, por sua vez, ama Raquel, mas, se desmancha de vergonha em se declarar. Jorge contraria seu amigo Luís. Este, na noite seguinte, em companhia doutro trama sua “vingança”. Haveria de expor os sentimentos de Jorge, constrangendo-o.
A madrugada silenciosa veio surpreendê-los frente à casa da eleita de Jorge; na rua, escreveram em grandes letras garrafais: “Jorginho deseja beijar Raquel”. Jorginho era como Raquel chamava por Jorge.
Doce sacanagem de tempos distantes; oxalá, todas as sacanagens e vinganças fossem assim.