Escrevendo sobre uma coisa aqui, outra ali.

 
Itamar morreu. O Franco, o ético, o topetudo. Vai fazer falta. Ninguém é completamente insubstituível, mas alguns fazem falta. Por fugirem a regra, serem exceções. Ele era uma exceção dentro do Universo Político Nacional. Falem o que quiserem dele, o que puderem, mas ninguém de cara limpa ousará dizer que foi corrupto. Talvez fosse um pouco sistemático. Tinha manias, mas quem não as tem? Li em algum lugar que não gostava de ser chamado de Senhor. Se o chamassem, devolvia na mesma moeda, mesmo se estivesse falando com alguém bem jovem, o que acabava causando constrangimento ao jovem, quase sempre repórteres inexperientes.

Eu não me importo de ser chamada de senhora, fiquei acostumada. Bem novinha e já professora era assim chamada, mas não faço questão. Não acho que é falta de respeito, meus sobrinhos nunca me chamaram de senhora, só de você. Ou pelo nome ou o apelido que uma delas inventou: Merô. Gosto mais. Só não gosto quando pessoas da mesma condição que eu me chamam de senhora.: Por exemplo, uma senhora, casada, mãe de filhos adultos. Primeiro explico:olha, pode me chamar pelo nome, esse tratamento nos distancia. Se ela não aprende, faço como o Itamar. E aí é senhora para cá e senhora para lá. Até ela se cansar. Geralmente cansa porque também não gosta de ser chamada de senhora. Acha que está sendo chamada de velha. Sei disso porque tenho amigas que detestam serem assim chamadas. Rio e acho graça porque a velhice chega de qualquer jeito. O único jeito de não ficar velha é morrer jovem e isso também ninguém quer.Eu pelo menos, se pudesse, não morria era nunca. Embora até ache que esteja preparada.
 
Falando de mortes, falando de falta, falando de alunos, dias de tristeza. Max morreu. Foi meu aluno, um menino lindo e aplicado, hoje um jovem senhor ainda não na casa dos enta. Mulher, dois filhos e uma luta de anos pela vida. Um câncer do mesmo que levou meu irmão, aparecido na mesma época. Max tinha ganas de viver e lutou. Fui vê-lo, de longe, sem coragem de enfrentá-lo. Abraçar seus pais, pessoas amigas, as irmãs, também ex-alunas. Ver a família. Max vai fazer falta, mas sua luta certamente tornou todos mais unidos.
 
Falando de Max me lembrei de outro, o Paulo Alfredo, contemporâneo, ambos tendo primos em comum. Paulo Alfredo morreu assim do nada, enquanto praticava esporte, no Timor Leste em Missão de Paz. Também filho de amigos, também ex-aluno, também uma esperança para esse país tão carente de bons cidadãos. Os jovens que vieram para mudar o mundo, fazê-lo melhor. É uma pena, mas fazer o que? Os desígnios de Deus são desconhecidos para nós mortais.