O concurso de redações
Sempre que venho aqui escrever sobre minhas lembranças, relembro da medalha que recebi num concurso de redações. Fazia o Curso Técnico de Contabilidade. Foi entre os anos 1982 e 1984. Não recordo em qual deles, o colégio promoveu esse concurso, como parte de um festival que, anualmente acontecia, creio que relacionado à criatividade.
Eu era a “idosa” da turma. Meus colegas eram da idade de minha filha mais velha. Eu estava com 37 anos. Eram filhos de minhas ex-colegas de aula. Os professores, alguns ex-colegas de ginásio.
A professora de português, excelente professora, incentivou-me a participar do concurso. O tema era Marginalização. Não lembro também, a razão da escolha do tema, mas tinha a ver com a explosão demográfica que nossa região vinha sofrendo, em vista da migração rural para os grandes centros.
Em poucos minutos, na mesma noite da inscrição, ainda durante a aula, escrevi minha redação e a entreguei à professora. Ela leu e aprovou.
Na noite do Festival, eu já fora avisada que tirara o segundo lugar no concurso. Achei estranha a expressão da professora, que fizera parte da comissão julgadora. Os três primeiros classificados receberam medalhas. A 1ª leu sua redação ao público. Compreendi a razão da expressão insatisfeita da professora. A aluna vencedora, uma garota de seus 15 anos, plagiara uma crônica publicada por aqueles dias, em jornal de cidade vizinha. Embora a comissão tivesse sido avisada, não aceitaram impugnar a redação.
Na verdade, o que me trouxe à lembrança a história, foi a medalha, que não sei por onde anda. Porém, lembrando a premiação da menina plagiadora, tento imaginar onde anda, o que faz. Se continuou sua carreira da copiadora de textos, se alguém a fez sentir a responsabilidade de seu ato, mas acima de tudo, penso na comissão julgadora que foi conivente com a transgressão da garota. Creio que havia alguns alunos, mas a maioria eram educadores. E eu aprendi que o exemplo vem de cima.