“Ite Missa est”

Já não sou eu quem vivo, é Deus que vive em mim... Gl 2,20

A vida interior é que orienta os nossos pensamentos, desejos e afetos para o Senhor, mas não se entenda que é apenas ao Senhor nosso Deus e que seus co-irmãos de comunidade devem ser tratados com desdém, com ignomias, quando temos a palavra em amar a todos é ter em si esta real abrangência de amor, quando se diz a linha acima não sou eu quem vivo, é que tudo em mim é de acordo, com a vontade e dentro das diretrizes pregadas pelo Cristo, pelo profeta, pelo seu líder espiritual.

Eu como mariano assumido, mesmo tendo freqüentado outras igrejas jamais deixei de ter Maria como influência forte em minha vida, mesmo porque adoro aquela velha canção do Pe Zezinho, Ave Maria Mãe de Jesus, sua letra deveria ser considerada um hino pelas Igrejas Cristãs por falar de retorno, de reespiritualizar-se, de voltar a viver em comunhão.

Maria desde sua aceitação de ser a mãe de Jesus cresceu em santidade, e este é um exemplo de crer e viver Deus, acima de tudo foi humana a tal que por ser e ter uma vida humanamente possível com todas as qualidades e defeitos da carne é que foi escolhida, e ela amou e com isso a todos, a todos os seus filhos e eu me incluo neste todos.

“... Todos os cristãos, em qualquer estado ou modo de vida, são chamados à perfeição do amor e devem tender à santidade do próprio estado...” (LG 41, 42)

Como se obtêm a santidade?! Pela vida prática, está implícita em si quando dizemos que toda santidade consiste no amor de Deus e todo amor de Deus consiste em fazer a Sua vontade, para se descobrir esta vontade concreta de Deus sobre nossa vida é estar atento, pronto a escutar, a enxergar os claros sinais que nos aparecem, alguns diriam que deve seguir docilmente a palavra da igreja devo lembrar que a igreja é comandada por homens e homens são falhos, então deve escutar a Deus em seu interior, vê retornamos a dentro de nós mesmo e quando estamos em oração filial e constante, em completa busca de comunicação com este Deus de nosso coração teremos a presença sólida de uma boa direção espiritual, através da leitura das palavras sagradas, através dos bons exemplos das diversas situações sociais e históricas que nos confrontamos.

Disse um sábio chinês ‘ao invés de querer devorar pela leitura a tudo que encontrar, porque não te concentras em escolher o que de bom em poucos poderá ler’, muitas vezes nos entregamos às mais diversificadas formas de leitura e não nos damos conta que algumas delas vão interferir em nossos conceitos morais, pois a partir do momento em que somos infestados daquela informação a cada instante acabamos achando-as naturais por mais insensatas e imorais que forem, cabe a nós filtrarmos as informações que nos vêem e que chegam a nossos filhos, para que também eles não sejam desvirtuados do caminho familiar, social e de produção pessoal...

Percebeu a palavra ‘ desvirtuar’ acima, é retirar a virtude, é deixar contrario a virtude, estar atento a estes pequenos processos que nos são apresentados diariamente pelos mais variados acessos de mídia em jornais patrocinados que nada mais são que propaganda,cada mídia desta está mais para mostrar o que já houve do que plantar algo que vai ser...

A formação espiritual de cada cristão ou espiritualista concorre poderosamente para o desenvolvimento de sua própria santidade, convém lembrar que as orientações espirituais quase sempre são coletivas seja através da palavra de Deus, seja ela através de uma Homilia, palestra ou pregação, mas a lição que lhe cabe é individual.

Por isso é que de nada te adianta vestir sua melhor roupa, apertar o livro sagrado sob o braço ou nas mãos. Muitos gostam de carregar na mão, assim as pessoas no transporte público ou na rua verão que estão indo ou retornando de uma missa ou culto. Lá no local de encontro tentam ficar sempre em lugares visíveis, são os primeiros a entrarem na fila da comunhão ou a gritarem palavras de fé, depende da instituição que freqüenta, ou hoje poderíamos chamar de empresa dado que todas as igrejas devem ser registradas e serem contempladas com CNPJ...

Mas o ponto aqui é ser cristão, depois de sua estada, chega a casa, guarda sua roupa que já tem até nomenclatura é chamada de domingueira, o livro é escondido porque pode sujar ou amassar, as crianças podem riscar, ah essas crianças, é mais fácil colocar a culpa nelas, não é mesmo?

Eu fiz isso agora neste momento, minha pequena já havia sido avisada para não brincar na frente da TV e mesmo assim brincava, eu ao invés de usar da autoridade devida e retirá-la da frente deixei e ela acabou, nos seus jogos de coisas para o ar, a estragar a TV... A culpa foi dela ou minha? Ela agiu com certeza nas suas fantasias de tentar copiar o que no programa de TV acontecia, mas eu não interferi como devia, não tomei as atitudes de pai, de guardador, de direcionador desta criatura que me foi dada por Deus...

Mas retornando o homem que se intitula cristão, espiritualista ou seja lá qual for o arquétipo ou adjetivo que gosta de ser chamado chega em casa guarda tudo e vive o resto daquele dia e os outros seis dias daquela semana como ignorante da palavra e daquele ensinamento por que não ‘escutou’, por que não ‘tomou a si’ a lição, aquela reunião, missa ou culto não produziu efeito algum na sua vida. E a idéia de sacrifício, de consagração e de comunhão não se infiltra não se faz presente no seu trabalho da semana.

“ Ite Missa est ”, tua missão.

Tua missão terrena é consentir a ação de Deus na tua vida, é fazer com que Deus seja através de você, em suas ações e atitudes que compreendem até seus pensamentos e tuas escolhas. Seguir os mandamentos da lei de Deus, e também da sua comunidade. “Todo aquele que fizer a vontade de meu pai que está no céu, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mat. 12,50)

Para uma vida cristã se exigem três proposições: a oração, o espírito de sacrifício e os sacramentos.

E encerrando a crônica de hoje como são feitas tuas orações? Como é teu estado de sacrifício? E como tem sido tuas ações aos sacramentos?

Que esta sua semana o Espírito de Deus esteja contigo e que reflita sobre estas palavras com desejo de coração.

Abilio Machado. 2011.