Casamento não é competição

Esse ano eu completei dez anos de casada com meu "Polako". Não pensem que foi fácil, pois não foi! Eu era imatura e ele também. Eu não entendia que ele tinha necessidade de respirar o ar que ele respira e não o ar que eu respiro. E por suas vezes, ele também não entendia que eu tenho a minha personalidade e que não dependo dos neurônios dele para pensar, que eu penso sozinha.

Diferentemente da maioria dos casais, os nossos primeiros meses de casados foram horríveis! Eu não conseguia assumir a minha casa, não conseguia ser a dona de casa e ele, por sua vez, não conseguia ser o marido, qualquer coisa que eu tinha, ele me levava pro meu pai resolver. E isso era o inferno. Meu pai ficava possesso! Ele não entendia que tudo só se tratava de imaturidade, de ambas as partes!

O casamento começou a parecer um casamento de verdade quando eu descobri que estava grávida, com sete meses de casada. Nós nos sentimos nas nuvens. Eu sabia que era uma menina, a minha princesa, a minha "Polaka", e assim foi. E durante a gravidez, tudo decorreu às mil maravilhas, eu me encantei com a minha casa e ele com a tarefa de ser o homem da casa, de cuidar de mim, de me levar ao médico, de não depender do meu pai pra ajudar a resolver os nossos problemas particulares.

Uma coisa que nos fazia brigar era o fato de ele tomar banho e não trocar de cueca, por preguiça de pegar outra na gaveta. Mas um belo dia, eu decidi parar com as brigas. Ele entrava pro banho, pendurava a cueca usada na porta, eu simplesmente tirava, colocava na roupa suja e punha uma limpa no lugar. Pronto! Problema de ambos resolvidos. E assim ele se acostumou. Eu, até hoje, penduro a cueca dele na porta do banheiro e isso é automático. Ele já sabe que ela estará lá, esperando por ele. E eu não me julgo rebaixada por isso! Muito pelo contrário.

Ele toma o primeiro café preto do dia na cama. Eu faço, sirvo o meu e o dele e levo lá. Sento ao lado dele e nós tomamos o nosso café juntos. Isso sempre foi sagrado. Aprendi com meus pais. Antes minha mãe fazia, pois meu pai trabalhava fora e ela não. Agora ele está aposentado e ela trabalha, os papeis simplesmente se inverteram, e ele manteve o costume, faz o café e leva pra ela. Acho lindo!

Minha irmã me critica pelo meu jeito (segundo ela) "Amélia" de ser. Ela questiona que eu vivo no século passado, que eu não evoluí. Mas, sinceramente, eu acredito que existem coisas que permanecem sempre iguais, acredito piamente que certos valores devem sempre ser o que são, são imutáveis. E geralmente quem me critica não fica num relacionamento por muito tempo, não sabe ceder, não sabe ser doce quando precisa, acha que a mulher deve ser feminista, agressiva. A mulher deve ser forte sim, mas essa força tem que ser sutil. Eu não preciso gritar pra todo mundo ouvir que sou forte. E meu marido precisa saber que eu não vivo sem ele, da mesma maneira que eu sei que ele não vive sem mim. É uma troca justa e digna.

Eu não preciso rebaixá-lo pra me sentir superior, aliás, eu não sou superior a ele, nós somos iguais, e foi no exato momento que percebemos isso, que passamos a nos dar maravilhosamente bem. Ele é extremamente ciumento, odeia que use roupas muito extravagantes, odeia sequer imaginar que um outro homem me olhou. Lógico que eu não vou sair por aí vestida de freira ou de burca (apesar de que ele não acha isso uma má ideia), mas também não preciso provocá-lo, posso me adequar a um meio termo. Quando saio com ele, abuso nos detalhes, coloco um decote mais ousado ou uma saia mais curta. Já quando saio sozinha, uma calça jeans, camiseta básica e tênis são boa pedida, ficamos os dois felizes.

Gosto que ele saiba que ele me deixa simplesmente louca, gosto que ele tenha certeza que eu sou só dele, que ele não corre riscos de ser trocado por outro. Isso não me diminui, só me engrandece perante o conceito do meu marido, e isso é o que me basta! Não preciso dos olhares dos outros homens e faço questão de que ele saiba disso, da mesma maneira que tenho certeza de que a recíproca é verdadeira.

Um casamento não é competição, cada um tem a sua importância fundamental, cada um tem a sua função, cada um tem sua individualidade, suas ideias diferentes e isso é fato. Homem não gosta mesmo de dondocas, de bonecas de porcelana, que quebram com facilidade. Homem nenhum gosta de mulher fresca. Homem gosta de mulher decidida a ser realmente mulher, a ser dele em todas as horas. E eu sou do meu marido e procuro fazer pra ele tudo o que ele gosta, pois se eu não fizer, ele acha quem faça! E faço com gosto, com prazer e principalmente, com muito amor!

Mi Guerra
Enviado por Mi Guerra em 15/07/2011
Reeditado em 15/07/2011
Código do texto: T3097093