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QUER SABER...
 
Certos momentos parecem-nos que a vida se arrasta. O dia amanhece, o dia anoitece, você continua sendo um receptáculo dos acontecimentos, mas você não se sente você. Não está deprimida, não está triste, não está magoada. Está mesmo é perdida.
O som de seus sentimentos está oco, assim como o som de um surdo. E exponencialmente, é ele que marca o ritmo das batidas de seu coração. Você se dá conta, então, de que suas pilhas internas estão descarregadas e é preciso fazer algo para reverter a situação. Negar, fugir ou fingir tudo bem só vai piorar e prolongar sua estadia nesse vácuo nada agradável, muito menos confortável.
Estou assim. Sinto-me assim, sequestrada de mim mesma. Sozinha comigo me questiono e não me reconheço. Atravesso, sem dúvida, por um momento de profundas transformações. Mesmo consciente de que a vida sempre foi assim, me dou conta de que o inesperado me pegou com as calças na mão. Sinto-me atravessando um deserto em busca de oásis. O sol aquece o corpo, mas não a alma. Aceitar o desafio dos fatos é meu desafio. E desafio nunca foi problema pra mim. Porém, estou pequena. Estou sem GPS, sem bússola, perdi os referenciais de direção. Apesar de tudo, preciso identificar um caminho. A vida continua acontecendo. Continua gritando nos seus mais variáveis sotaques e, para entendê-la, preciso estabelecer conexões de meus ouvidos com a percepção.
Quer saber, no fundo, no fundo, minha porção leoa virou humana e eu não havia percebido isso.