O Inferno é bem mais abaixo da submissão

Não é de hoje que eu venho observando nas pregações, que alguns Pregadores resolvem bem no meio da suas falácia não sei se por carência de aplausos ou sei lá o que, resolvem enfatizar a questão das batalhas espirituais que as mulheres travam diariamente no seio de suas respectivas famílias de uma forma machista, é claro que todos nós temos nossas aflições e que tenhamos bom ânimo, pois a vitória é certa, e quem nos garante isso é nosso Zeloso e Pai Amigo que atende pelo nome de Jesus.

Eu tenho observado que as mulheres estão saindo de dentro de suas Congregações mais “ansiosas por milagres” do que com o discernimento e sabedoria no Senhor, que soberana mesmo é a vontade de Deus, mas os pregadores responsabilizam as mulheres por desistirem de suas relações.

Longe da minha pretensão de desmotivar alguém que está lutando pela restauração de sua família ou duvidar da fé alheia, foi como disse o nosso Pai:

- Se tivermos fé do tamanho de um grão de mostarda seja qual for o monte, teremos condições de movê-lo..., porém com homem, não posso deixar de negar que é nítido a forma como os pregadores estão colocando o fardo da responsabilidade de uma união matrimonialmente perfeita, tão somente na conta das mulheres, alguns Pregadores incutem na cabeça das mulheres que a família delas estão passando por uma guerra espiritual o que pode não deixar de ser verdade, porém responsabilizá-las sozinhas por essa batalha é um absurdo, consciente ou inconscientemente eles colocam o fardo todo nas costas delas, da conversão a traição, elas são as responsáveis pelo sucesso ou pelo fracasso de sua família e o pior, é que elas estão realmente acreditando nisso.

"Ainda bem que a misericórdia de Deus é independente do julgamento dos homens."

O marido não presta, o cara é um grosso, não tem sido ou nunca foi um bom pai, um bom esposo ou um bom companheiro, ela então cercada por essas circunstâncias vai a busca de apoio e a única coisa que consegue ouvir é.

- Calma irmã, os humilhados serão exaltados, tenha paciência.

E assim elas seguem dando glorias para Deus, pelo menos assim está garantido que não haverá confusão entre exaltação baseada na humilhação e a subserviência baseada na escravidão...

Quando a relação é baseada na subserviência e a mulher se recusa a aceitar, pode reparar que sempre aparece um “casalzinho perfeito” família feliz, sem problemas, sem contradições sem aflições para aconselhar, mas infelizmente as vezes o tiro sai pela culatra e uma parte das mulheres sai mais frustradas e confusas, pois diante de tanta perfeição ela se percebe como sendo uma pessoa incapaz de fazer sua famílias feliz..., e assim são orientadas a voltarem para suas respectivas casas e continuarem vivendo debaixo do mesmo teto e dormindo ao lado de um homem que um dia lhe jurou diante de Deus, que iria respeitá-la, amá-la na saúde e na doença, na pobreza ou na riqueza e no fundo no tem o menor respeito por ela.

- Mas a Mulher sábia edifica o seu lar, a tola derruba com as suas próprias mãos. Diz o Pastor que leu no provérbio de Salomão.

E a partir desse belíssimo e verdadeiro texto, ele cria um contexto machista com princípios baseados em seus traumas e seguem aconselhando a mulher a viver uma vida de dependência emocional e sujeita a tudo, inclusive a perda da própria identidade, eles são “os representantes” mas não querem ser os responsáveis pela separação de ninguém, mas do que dizer para o casal o que deve ser dito, eles estão preocupados em garantir a pontuação deles para o Reino de Deus...pobre desses coitados quando ouvirem:

- Afaste-se de mim porque eu não te conheço.

Venhamos e convenhamos, onde fica a responsabilidade dos homens?

O cara começa a trair a sua mulher, e como sábia ela tem que fazer de conta que está tudo bem, o cara espanca a mulher, que escondida por detrás de um par de lentes de óculos escuros se esconde, e "sabiamente" comporta-se como se nada tivesse ocorrendo, o sujeito é um péssimo pai, mas ela sabiamente tem o dever de entender o mau-caratismo do homem que prometeu que iria fazê-la feliz.

Mas ele se diz um homem de Deus, será que é mesmo?

Para escravas emocionais a culpa é do capeta, daqueles bem espertos que não se manifestam em vigília, não se manifestam em culto de libertação, mas se o cara estiver passando em frente a um prostíbulo e um rabo de saia aparecer na frente dele, o capeta logo se manifesta..., e assim fica bom pra todo mundo, fica bom para o Pastor que tem a presença deles garantida diariamente na Igreja e a certeza de um culto lotado, fica bom para ela que prefere acreditar que o mau caratismo de tantos anos do marido dela é culpa do capeta, fica bom pra ele que coloca as safadezas dele na conta do capeta, mas graças ao nosso bom Pai, só não fica bom pra Deus e a vez de todos prestarem contas, certamente chegará.

Alguns de vocês ao ler esse artigo certamente vão imaginar que eu estou propagando o desmanche da família, mas eu não me incomodo, quero dizer que eu sou completamente a favor da manutenção da família e tenho certeza absoluta que uma sociedade saudável começa primeira dentro de nossas casas e ninguém melhor do que Deus para testemunhar se o que eu estou dizendo é de coração, não estou generalizando nada ou aconselhando alguém a largar sua família ou os seus maridos mau caráter, na verdade eu só não gostaria mais, era de ver ou ouvir falar, que uma “Mulher de Deus”, que já não tem amor em seu coração por conta do cansaço, da escravidão, da rejeição e da falta de consideração, seja obrigada a se relacionar com um homem cujo os mesmos braços que ele utilizar pra glorificar a Deus dentro da Congregação, ele utiliza para espancá-la, os mesmo lábios que ele usa para louvar e adorar a Deus ele usa para ofende-la.

Enfim, ainda que não seja o fim, os direitos são iguais, as responsabilidades também são iguais e nada mais injusto que as Mulheres para serem reconhecidas como Sábias diante de seus familiares, sejam obrigadas a amargarem um casamento sofrido, vivendo uma vida de oração mesmo sabendo que aquele homem não merece mais o seu amor.

Ah! E o céu é bem mais acima da escravidão.