Verdinha, bufunfa, money e outros sinônimos

Sabe quando você está passando o olho em um livro ou ouvindo uma música e uma frase se destaca? Algo que te faz refletir. Um dos meus trechos inesquecíveis saiu de uma canção do Frejat que diz “desejo que você ganhe dinheiro, pois é preciso viver também; mas que diga a ele, pelo menos uma vez, quem é mesmo o dono de quem”.

O que eu acho incrível nesses versos é que eles dizem tudo. Porque bufunfa ajuda sim a sorrir, compra um montão de alegrias, desde que as verdinhas não se tornem o princípio, o meio e o fim da sua existência.

É dono do dinheiro – e não o contrário – quem vê nele um atalho para aproveitar mais a vida, um mero acessório facilitador. É essencial porque assim determina a dinâmica da sociedade, afinal, só se põe pão na mesa quando se junta uns trocados. No entanto, é falsa a impressão de que apenas os ricos tiram do cotidiano o seu melhor.

Um cenário é comprar um apartamento em um condomínio de mordomias, ter um decorador para planejar seu lar, comprar qualquer móvel e buginganga sem pechinchar, e não derramar um pingo de suor durante a mudança. É perfeito. Mas o outro lado da moeda, a realidade do povo normal, também tem seus encantos.

A diferença é que você sente o processo na pele, algo mais “mãos à obra”. Para achar um imóvel, acaba passando por lugares estranhos. Se não entende de decoração, pesquisa no Google quais cores se combinam e torce para ficar legal. Você se diverte em liquidações. Felicidade comprada assim muitas vezes valorizamos mais do que aquilo que vem entregue de bandeja.

Isso se você é dono do dinheiro. Porque quem é escravizado por ele perde as emoções em ambos os contextos. Milionárias ou paupérrimas, pessoas que consideram seus cartões de crédito, notas e moedas soberanos, maiores do que o resto da vida, ficam em um mundo vazio de outras riquezas. Elas não sentam no sofá que adquiriram para relaxar, apreciar o quanto ele é confortável. Usam aquilo como pit-stop para planejar novas compras.

Meu voto é viver com dinheiro, mas não pelo dinheiro. Não deixar que a falta dele faça você parar de sorrir, afinal, o mundo está cheio de paraísos grátis. Também não permitir que o excesso dessa bufunfa mude quem você é ou sirva de desculpa para se perder em um ciclo vicioso no qual você sempre deseja o que está além da última aquisição. Verdinha só para reforçar o que há de bom por aí.