ASSASSINARAM O PORTUGUÊS

Quando se ouve essa expressão: assassinaram o português, podem pensar que alguém feriu mortalmente um ser humano do sexo masculino nascido na terrinha, Portugal. Mas eu não quero dizer que mataram um homem, quero dizer no sentido figurativo de matar a língua pátria, a nossa língua portuguesa que tão bem o poeta Olvavo Bilac descreveu em seu poema como: "Última flor do Lácio, inculta e bela".

Língua Pátria, engraçado, nos meus primeiros anos escolares, dizia-se assim, a nomenclatura da matéria que é hoje Português. Redação, hoje, chamava-se composição. Conto isso para os meus filhos e eles acham que sou do tempo que "amarrava cachorro com lingüiça", mas não acho. Meus primeiros anos escolares foram nos finais dos anos 60.

Voltemos ao assassinato do português: Um conhecido meu entrou em um metrô no Rio de Janeiro e não pôde deixar de ouvir uma conversa entre dois cidadãos, a qual achou muito interessante, me contou, eu achando-a mais interessante ainda, resolvi publicar no Recanto das Letras. Dizia um homem ao outro: "Rapaz, você sabe, eu ouço muito as pessoas falarem 'problema' e 'probrema', tem alguma diferença entre os dois?", o outro, mui sabiamente, responde: "Claro, amigo, claro que há diferença. Eu sei e vou te explicar. Olha 'problema' é aquilo que a gente faz nas aulas de matemática e 'probrema' é quando a gente está com probrema, probrema com a namorada, probrema com as contas, que o dinheiro não dá para pagar, é isso." E o outro ficou dos mais satisfeitos pela explicação: "Então é isso, companheiro?" "É sim, podes crer que é. A nossa vida é cheia de probremas" O outro ainda concordou: "É mesmo. É mesmo!"

Pois é assassinaram a língua portuguesa. Isso é um pequeno exemplo porque o que tem de assassino de português por aí e nem vai para a cadeia, não está escrito!

Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles
Enviado por Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles em 07/12/2006
Reeditado em 07/12/2006
Código do texto: T312046