DA ÁGUA PRO VINHO

DA ÁGUA PRO VINHO

BETO MACHADO - 25/07/11

Este fim de semana foi terrivelmente trágico. De norte a sul do planeta. Um atentado com dezenas de mortos na Noruega; enchentes com milhares de desabrigados no Rio Grande do Sul; a morte da cantora inglesa Emy Winehouse, em Londres.

Dos três fatos, o que me levou a uma reflexão diferenciada foi a morte da cantora. O significado da palavra Winehouse é adega ou casa de vinho e isso me remeteu a minha infância, época em que minha avó pesquisava origem, significado e influência dos nomes próprios. Ela tinha verdadeira obsessão por essa atividade. Já naquele tempo ela prestava consultoria a respeito desse assunto. Não raro, a vizinhança lhe pedia sugestões para dar nomes a seus rebentos, e a vovó angariava alguns trocados por isso.

---“O nome tem grande poder de influenciar a vida das pessoas”--- dizia ela. E ela levava tão a sério essa influência que até os apelidos eram tratados com a mesma importância que tem os nomes. Ela ilustrava suas explicações dando exemplos de pessoas conhecidas, correlacionando seus nomes ou apelidos aos seus sucessos ou fracassos.

Se a minha avó ainda estivesse entre nós e fosse instada a tecer comentário a respeito da morte de Amy Winehouse, é evidente que ela o faria arrematando com uma frase mais ou menos assim: ---“Uma pessoa que cresce sendo chamada de ADEGA, dificilmente morrerá sóbria, ou curtirá seus netos.”

Felizmente como tudo na natureza é falível, a vovó tinha um robusto rol de afirmações equivocadas, que ela, habilmente, classificava de exceções. Vou exemplificar: Um dos maiores compositores da ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA, CARLOS CACHAÇA, durante muitos anos fez parte das alas de Compositores e da Velha Guarda da Mangueira, e sua bebida preferida, nos seus últimos trinta anos era água mineral. E seus netos estão lá pra comprovar.

Será que se o nosso CARLOS CACHAÇA tivesse feito “jus” ao seu nome, até o fim da vida, a mídia teria “glamourizado” as homenagens na despedida do mais constante parceiro do CARTOLA?

Mudando o assunto da água pro vinho, deixemos descansar na paz de DEUS o nosso CARLOS CACHAÇA e tornemos à baila o caso Winehouse. Vinte e sete anos de talento mal orientado. Quase uma década de carreira destrambelhada, onde a mistura da personagem cantora com a pessoa frágil e desprotegida, que só sabia cantar e mais nada, gerou um ser auto-destrutivo, que cumpriu sua meta. Furou a fila. Partiu precocemente. Lamentavelmente Amy Winehouse não encerrará esta lista de celebridades que partem pra outra dimensão antes dos trinta anos. O mundo continua plenamente abastecido do combustível fatalizador que é a DROGA.

Roberto Candido Machado
Enviado por Roberto Candido Machado em 27/07/2011
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