ZOOLÓGICO URBANO
Curioso esse hábito que criamos em usar animais, insetos e objetos para identificar, criticar ou mesmo ofender outras pessoas.
Todos já ouvimos os mais diversos comentários e insinuações:
- Aquela ali é mesmo uma Galinha! Mas a Galinha é um bichinho tão inofensivo, que isso deveria até ser um elogio. Botam os ovos que comemos todos os dias. O sacana mesmo é o galo...
Ainda querendo insinuar que uma pessoa troca de parceiros com frequência ou tem atitudes pouco conservadoras diriam:
- A mãe da Fulana é uma Vaca!
Que mal a vaca faz afinal? Coitada, a vida dela e nos alimentar, do leite até a carne. Também não deveria ser encarado como uma ofensa. Na índia ela é sagrada, vaca lá é um tremendo elogio.
Se o sujeito tem preferências diferentes, ou mesmo nem é isso, mas apenas um jeito delicado de ser já o chamam de Veado. Se for mais delicado ainda já chamam de Bambi, que não deixa se ser um antílope.
Mais um indício da maldade humana; esses animais são inofensivos, são herbívoros não tiram a vida de nenhum ser vivo para se alimentar, e se assustam com qualquer coisa. Ser chamado de Veado deveria ser sinônimo de pessoa sensível, inofensiva, dócil. Só com boas qualidades.
- Nossa, seu tio é um Cavalo!!!
Só pra dizer que o sujeito é grosso, estúpido, indelicado, etc. Mas pensando bem, o Cavalo não é nada disso, é até delicado, caso quebre uma perna será certamente sacrificado. É bonito, imponente, tem classe e estilo. Ser chamado de Cavalo é um elogio.
- Sua prima é uma Anta!! Porque ela não entendeu tal coisa, ou porque fez algo que não deveria, por que errou enfim. Mas observe a Anta na natureza, ela não é nada disso, é um bicho pacífico, fica na dela.
- Puts, aquele cara é Burro como uma Porta!
Aqui já foi mais caprichado usar Burro querendo dizer que a pessoa é dura de aprender ou entender, assim como a Anta, e ainda chamar de Porta, que nem é um animal. Uma porta é apenas uma porta, ninguém pode ser como uma porta. Chamar de porta não é elogio e nem ofensa. Burro então nem pensar, pois o animal é inteligente ele aprende, ele ajuda, ele transporta algo pra nós se necessário. Se ele empaca é porque está querendo dizer algo e o burro aqui é o homem que não consegue entender a linguagem simples do animal.
- Menina, seu pai vai ficar uma Onça!
Provavelmente ele vai ficar muito bravo com alguma coisa, mas cá entre nós a onça é realmente brava? Ela apenas intimida quem quer invadir seu território, ataca quando se sente ameaçada ou até mata se estiver com fome, mas é óbvio ela é carnívora. Caso o pai fique como uma onça, ficará quieto, esbravejará apenas ao sentir-se ameaçado, acuado ou com fome, mas ele vai literalmente comer alguém?
Seguindo esse raciocínio de atribuir tipos de animais a certas pessoas, poderemos ter famílias inteiras de animais:
O pai é um Burro, a mãe é uma Anta, a filha uma Galinha, o filho um Veado, a nora é uma Vaca.
Numa festa a fantasia ninguém precisaria se fantasiar. Bastaria manter na entrada duas pessoas criticas, cheias de preconceitos e que se pusessem a criticar os convidados.
- Olha ali aquela de vestido verde, que Mula!
- É verdade, e o marido dela conheço bem, parece um Papagaio!
- Nossa!!! Eu achei que aquela Piranha nem vinha, que cara de pau (aqui nem é porta).
- Até o Porco do Juvenal apareceu!
- Ah, não acredito, veio até aquele Cachorro safado do Pedro (coitado do pobre cachorro, que até de safado é chamado).
Ai chega mais uma figura criticadora na entrada da festa, só que agora é um homem, que também quando se presta a criticar fica igual a qualquer fuxiqueira.
- Oi Gatinho, você por aqui?
- Pensou que eu não vinha né, Perua?
- E você, "ual", esta uma Potranca, uma Cavala, um Avião (Que absurdo qual, semelhança pode haver entre um avião e uma Égua, a qual dão o nome de Cavala erroneamente?)
- Grata pelo elogio, mas quando você vai parar de Morcegar heim? (Morcegar é pra dizer sugar, mas ai nem deveria ser Morcego, mas sim Vampiro).
- Vou parar apenas quando você deixar de ser uma Ameba. (Nem protozoário escapa).
Ai entra na festa um casal brigando:
- Anda logo sua Lesma?
- Lesma eu, você pensa que tenho sangue de Barata? (E barata tem sangue?)
Nisso chega mais um convidado bem fortinho:
- Imagina que a Baleia do Gino não viria, ele não perde um banquete por nada.
- Ele não sai mesmo debaixo da sai daquela Cobra da mãe dele.
- Menina, você não vai acreditar! Sabe seu Antônio, aquele Bode velho, olha ele ali.
- Bom, pelo menos dessa vez ele não trouxe aquela Mula da mulher dele!
- La vem a Cricri (grilo) da Marta com aquele longo ridículo.
- Acho até que ela é lésbica, pois não larga aquela Perua da Patrícia.
Nessa altura, as duas fofoqueiras conversam entre si:
- Será que não estamos parecendo duas Serpentes venenosas, criticando a todos?
- Melhor ser Serpente do que se fossemos duas Toupeiras esquecidas num quanto qualquer.
E o criticador aproveita o embalo:
- Se vocês são serpentes eu não sei, mas parecem duas Matracas (instrumento musical)
- Ué, vai cantar de Galo aqui é?
- Sai fora Sanguessugas!
Já tem gente até usando outros animais:
Quero-Quero pra dizer que a pessoa tem pernas finas.
Rato, pra dizer que o sujeito é larápio, ladrão ou esperto no mal sentido.
Vai saber se na arca de Noé não eram animais, mas sim casais de pessoas:
Um gatinho e uma gatinha.
Uma Vaca e um Touro (que pode significar um sujeito forte ou chifrudo).
Dois Veadinhos (casal ultramoderno)
Dois Cachorros, ou melhor, um Cachorro e uma Cadela (variante de vaca e galinha).
Um Porco e uma Porca (um casal bem sujinho).
Dois Papagaios (um casal que não para de falar)
O mais hilário de tudo isso é que raramente um animal, molusco, protozoário, inseto ou até objeto pode caracterizar realmente uma ofensa, nem mesmo um Macaco, cujo nome é usado na tentativa de denegrir e ofender uma pessoa. Ofender a quem? O que o Macaco faz de errado? Ser comparado a um macaco é um elogio ou uma ofensa?
Mais uma vez a maldade continua na mente individual das pessoas a ignorância reside na área urbana ao passo que a inteligência esta no mato, na selva, nos animais.
Somos parte de um imenso zoológico urbano, com grades de ignorância, conceitos e preconceitos
Os animais é que estão sendo ofendidos e não as pessoas.
Curioso esse hábito que criamos em usar animais, insetos e objetos para identificar, criticar ou mesmo ofender outras pessoas.
Todos já ouvimos os mais diversos comentários e insinuações:
- Aquela ali é mesmo uma Galinha! Mas a Galinha é um bichinho tão inofensivo, que isso deveria até ser um elogio. Botam os ovos que comemos todos os dias. O sacana mesmo é o galo...
Ainda querendo insinuar que uma pessoa troca de parceiros com frequência ou tem atitudes pouco conservadoras diriam:
- A mãe da Fulana é uma Vaca!
Que mal a vaca faz afinal? Coitada, a vida dela e nos alimentar, do leite até a carne. Também não deveria ser encarado como uma ofensa. Na índia ela é sagrada, vaca lá é um tremendo elogio.
Se o sujeito tem preferências diferentes, ou mesmo nem é isso, mas apenas um jeito delicado de ser já o chamam de Veado. Se for mais delicado ainda já chamam de Bambi, que não deixa se ser um antílope.
Mais um indício da maldade humana; esses animais são inofensivos, são herbívoros não tiram a vida de nenhum ser vivo para se alimentar, e se assustam com qualquer coisa. Ser chamado de Veado deveria ser sinônimo de pessoa sensível, inofensiva, dócil. Só com boas qualidades.
- Nossa, seu tio é um Cavalo!!!
Só pra dizer que o sujeito é grosso, estúpido, indelicado, etc. Mas pensando bem, o Cavalo não é nada disso, é até delicado, caso quebre uma perna será certamente sacrificado. É bonito, imponente, tem classe e estilo. Ser chamado de Cavalo é um elogio.
- Sua prima é uma Anta!! Porque ela não entendeu tal coisa, ou porque fez algo que não deveria, por que errou enfim. Mas observe a Anta na natureza, ela não é nada disso, é um bicho pacífico, fica na dela.
- Puts, aquele cara é Burro como uma Porta!
Aqui já foi mais caprichado usar Burro querendo dizer que a pessoa é dura de aprender ou entender, assim como a Anta, e ainda chamar de Porta, que nem é um animal. Uma porta é apenas uma porta, ninguém pode ser como uma porta. Chamar de porta não é elogio e nem ofensa. Burro então nem pensar, pois o animal é inteligente ele aprende, ele ajuda, ele transporta algo pra nós se necessário. Se ele empaca é porque está querendo dizer algo e o burro aqui é o homem que não consegue entender a linguagem simples do animal.
- Menina, seu pai vai ficar uma Onça!
Provavelmente ele vai ficar muito bravo com alguma coisa, mas cá entre nós a onça é realmente brava? Ela apenas intimida quem quer invadir seu território, ataca quando se sente ameaçada ou até mata se estiver com fome, mas é óbvio ela é carnívora. Caso o pai fique como uma onça, ficará quieto, esbravejará apenas ao sentir-se ameaçado, acuado ou com fome, mas ele vai literalmente comer alguém?
Seguindo esse raciocínio de atribuir tipos de animais a certas pessoas, poderemos ter famílias inteiras de animais:
O pai é um Burro, a mãe é uma Anta, a filha uma Galinha, o filho um Veado, a nora é uma Vaca.
Numa festa a fantasia ninguém precisaria se fantasiar. Bastaria manter na entrada duas pessoas criticas, cheias de preconceitos e que se pusessem a criticar os convidados.
- Olha ali aquela de vestido verde, que Mula!
- É verdade, e o marido dela conheço bem, parece um Papagaio!
- Nossa!!! Eu achei que aquela Piranha nem vinha, que cara de pau (aqui nem é porta).
- Até o Porco do Juvenal apareceu!
- Ah, não acredito, veio até aquele Cachorro safado do Pedro (coitado do pobre cachorro, que até de safado é chamado).
Ai chega mais uma figura criticadora na entrada da festa, só que agora é um homem, que também quando se presta a criticar fica igual a qualquer fuxiqueira.
- Oi Gatinho, você por aqui?
- Pensou que eu não vinha né, Perua?
- E você, "ual", esta uma Potranca, uma Cavala, um Avião (Que absurdo qual, semelhança pode haver entre um avião e uma Égua, a qual dão o nome de Cavala erroneamente?)
- Grata pelo elogio, mas quando você vai parar de Morcegar heim? (Morcegar é pra dizer sugar, mas ai nem deveria ser Morcego, mas sim Vampiro).
- Vou parar apenas quando você deixar de ser uma Ameba. (Nem protozoário escapa).
Ai entra na festa um casal brigando:
- Anda logo sua Lesma?
- Lesma eu, você pensa que tenho sangue de Barata? (E barata tem sangue?)
Nisso chega mais um convidado bem fortinho:
- Imagina que a Baleia do Gino não viria, ele não perde um banquete por nada.
- Ele não sai mesmo debaixo da sai daquela Cobra da mãe dele.
- Menina, você não vai acreditar! Sabe seu Antônio, aquele Bode velho, olha ele ali.
- Bom, pelo menos dessa vez ele não trouxe aquela Mula da mulher dele!
- La vem a Cricri (grilo) da Marta com aquele longo ridículo.
- Acho até que ela é lésbica, pois não larga aquela Perua da Patrícia.
Nessa altura, as duas fofoqueiras conversam entre si:
- Será que não estamos parecendo duas Serpentes venenosas, criticando a todos?
- Melhor ser Serpente do que se fossemos duas Toupeiras esquecidas num quanto qualquer.
E o criticador aproveita o embalo:
- Se vocês são serpentes eu não sei, mas parecem duas Matracas (instrumento musical)
- Ué, vai cantar de Galo aqui é?
- Sai fora Sanguessugas!
Já tem gente até usando outros animais:
Quero-Quero pra dizer que a pessoa tem pernas finas.
Rato, pra dizer que o sujeito é larápio, ladrão ou esperto no mal sentido.
Vai saber se na arca de Noé não eram animais, mas sim casais de pessoas:
Um gatinho e uma gatinha.
Uma Vaca e um Touro (que pode significar um sujeito forte ou chifrudo).
Dois Veadinhos (casal ultramoderno)
Dois Cachorros, ou melhor, um Cachorro e uma Cadela (variante de vaca e galinha).
Um Porco e uma Porca (um casal bem sujinho).
Dois Papagaios (um casal que não para de falar)
O mais hilário de tudo isso é que raramente um animal, molusco, protozoário, inseto ou até objeto pode caracterizar realmente uma ofensa, nem mesmo um Macaco, cujo nome é usado na tentativa de denegrir e ofender uma pessoa. Ofender a quem? O que o Macaco faz de errado? Ser comparado a um macaco é um elogio ou uma ofensa?
Mais uma vez a maldade continua na mente individual das pessoas a ignorância reside na área urbana ao passo que a inteligência esta no mato, na selva, nos animais.
Somos parte de um imenso zoológico urbano, com grades de ignorância, conceitos e preconceitos
Os animais é que estão sendo ofendidos e não as pessoas.