Longevidade

Há poucos dias falava eu com uma pessoa amiga, quando em dado momento ela me disse: “É bom... quanto mais trabalho, mais depressa passa o tempo” referindo-se a um dia atarefado que tive e acabara de lhe contar.

Essas palavras soaram forte. Percebi que havia em segundos, envelhecido bons anos – senti o peso da idade. - Por favor, não me venham com a história de que é psicológico.

Tá brincando, falei - quem disse que eu quero que o tempo passe depressa - ao que ela não retrucou – talvez em respeito ao meu olhar nada amigável.

Com uma velocidade espantosa, refleti naquele instante - claro que facilitei as condições.

Parei, pensei um pouco, repensei e mais um pouco pensei.

Afinal, são duas incoerências: trabalhar bastante e o tempo passar depressa.

Daí, concluí: (até rimou) - Se fazer muito o tempo passa depressa, então o negócio é fazer quase nada, e então o tempo quase não passa.

O que eu menos tenho é pressa. Quero mais é que o tempo passe bem “d e v a g a r i n h o”.

Que maravilha. Senti-me um verdadeiro Colombo. Foi a união do útil ao agradável.

Aliás, essa história de longevidade me fez lembrar um amigo, não meu, mas de meu avô e que beirava os cem anos. Sentado em uma cadeira preguiçosa ele costumava dizer os seguintes versos: “Às vezes não sei de onde, dá uma vontade trabalhar, aí fico bem quietinho, até a vontade passar”. Segundo ele, essa receita era infalível.

Era um sábio – verdadeiro profeta que deixou muitos discípulos esparramados por esse nosso grande país.

Diante disso, como não sou egoísta, acabei por escrever esse texto e repasso a meus amigos. É um alerta que faço àqueles que têm gosto pela vida, para que percebam e, assim como eu, valorizem seu tempo.

Claro que escreví o mais resumido possível. Por conseguinte, não me deu nenhum trabalho, ou seja, acho que o tempo não passou e também não cansei.