Será que preciso ir para uma clínica de reabilitação?

Desde que li a belíssima crônica do Paulo Cesar Coelho “Escrever, Vicia!”, fiquei reflexiva, depois de alguns neurônios queimados concluí que não era o meu caso, é tão difícil admitir o vício. Depois de um mês e meio postando alguns textos, fui percebendo alguns sintomas, uns sinais aqui, uns deslizes ali, antes que a coisa ficasse pior resolvi procurar ajuda.

Inscrevi-me num grupo de apoio a viciados, aqueles que a gente faz uma roda e cada hora um conta um pouco a sua história. Cheguei tímida, me sentei ao lado de um sujeito tipo nerd com óculos de grau e camisa xadrez, dei-lhe meu sorriso mais simpático, mas não foi recíproco. A instrutora do nosso grupo, psicóloga experiente e com domínio de comunicação, me apresentou como a mais nova vítima do vício. Senti minhas bochechas corarem, abaixei levemente a cabeça enquanto ela pedia que contasse um pouco da minha história.

Comecei meio sem jeito, disse meu nome e algumas coisinhas corriqueiras sobre minha vida e meu cotidiano, com o estímulo da instrutora fui me soltando e quando vi, lá estava eu relatando: ”Acho que começou quando decidi roubar, foi no BH shopping, era férias e levei meus filhos para assistirem um filme ao cinema, fiquei esperando por eles na praça de alimentação, foi quando tive uma ideia interessante para uma crônica, senti a dopamina sendo liberada e invadindo o meu ser. Vasculhei toda a bolsa procurando uma caneta e descobri que tinha deixado a no carro, não podia sair do lugar porque é uma guerra de foice para conseguir uma mesa próxima ao Mcdonalds, onde, infelizmente, meus filhos amam lanchar. Quando o garçom se aproximou percebi uma caneta na sua orelha esquerda, não conseguia controlar-me, precisava daquela caneta. À medida que o garçom sugeria-me alguns pratos meus olhos mantinham-se fixos na caneta, comecei a assustá-lo com aquele olhar parado e um corpo sem reação, sentada, sozinha, à mesa de seis lugares. Felizmente consegui vencer a tentação e olhava frustrada enquanto o garçom se afastava confuso e com ele a caneta.”

Os aplausos dos meus novos amigos eram incentivos e reverências ao meu êxito, mas como uma viciada que se preza, terminei deixando o site com meus textos postados e pedi para quem os apreciasse que me deixasse um comentário.

História baseada em fatos reais – Meu Deus a que ponto cheguei!

Lilia Costa
Enviado por Lilia Costa em 04/08/2011
Reeditado em 20/09/2011
Código do texto: T3138717