Revolução, ataques, traições, esperança: Cuba em seus livros

Sempre que vi livros a venda em Cuba, senti um ambiente diferente. Um pouco de música, arte, romances. Mas a maioria cria um clima de luta no ar. As lições de Che Guevara. A resistência de Fidel Castro ao longo dos anos. A memória do guerrilheiro Camilo Cienfuegos. A luta deste trio junto a massa desprivilegiada contra o governo corrupto de Fulgêncio Batista. A Revolução Cubana é relembrada pelos mais diversos ângulos. Em coleção de fotografias, diários, biografias, estudos.

A outra parte é contra os Estados Unidos, como uma ferida mal cicatrizada. Mil tentativas de denunciar constantes ataques, explícitos ou por debaixo dos panos, que visavam desmoralizar o governo de Fidel Castro. Os boicotes contra a ilha e seus líderes que ousaram tentar se estruturar sem sugar as mamas do Tio Sam.

Há que se ler tudo com cuidado. Histórias assim sempre pecam por serem tendenciosas. E, neste caso, são reflexos de uma nação sempre assombrada pelo pensamento “E se...?”. Pelo menos é essa a impressão que fica ao focar os olhos nas capas e sinopses. Os títulos e as imagens são geralmente fortes. Perseguição da CIA contra Che, atentados para matar Fidel, a exploração estadunidense na América Latina, planos terroristas. Cuba, ou seus livros, parecem ressentir pelo país nunca ter se tornado o que queria.

Arrisco dizer que cada denúncia tem como pano de fundo um lamento, a dúvida de resposta impossível: Como seria Cuba se a política externa tivesse simplesmente deixado a ilha em paz? Por outro lado, também há um desejo de reafirmação, uma vontade de dizer que o país não é perfeito, não é o ideal imaginado, mas é ainda assim um orgulhoso sobrevivente. A prova é Fidel... corpo fechado, a mais óbvia evidência de que os inimigos de Cuba jamais venceram por completo.