A vida corria normalmente entre relinchos, latidos miados e traquinagens dos saguins.
       O que mais poderia acontecer nessa família tão bicharal...
       Mais uma vez nosso coração gritou mais alto que o normal...
       À caminho da feira, vi um homem rebocando uma bezerra. Ela estava tão magra que mal se punha em pé. Claro que fui falar com o homem sobre a bezerra. Ele falou que estava sem dinheiro e que ia vendê-la para engorda e sacrifício. Na hora me comoví. Não era possível. Perguntei quanto ele queria pela bezerra e desembolsei a quantia. O homem sorridente me passou a corda da bezerra e partiu alegre. Bem, estava criada uma situação. O que fazer com ela...Só me restava amarrá-la ao para-choque do meu carro, récem saído da loja, e seguir vagarosamente para casa. O percurso era longo e serví de piadas e admirações pelo caminho.
      A chegada à casa, como não poderia deixar de ser, foi uma festa. Os meninos ficaram loucos pela bezerra. Mas, o pai ainda estava na universidade lecionando. Esperávamos por ele, se bem que sabia que depois de ouvir a triste história da bezerra.... Ele chegou e prontamente compadeceu-se ....Adotou a bezerra que a partir daquela hora passou a se chamar de bordada, graças ao bordado de seu pelo.
   Nem digo, mas dessa vez Jira e Aparecida ficaram macomunadas e as duas detestaram bordada. Uma nova guerra estava formada e, nós como sempre, a apagar o fogo.
   Cada vez mais éramos considerados excentrícos, loucos .
   MAS, HOJE VEJO O QUANTO FOI VÁLIDA A CONVIVÊNCIA DE NOSSA FAMILIA COM OS BICHOS. NA VERDADE APRENDEMOS MUITO COM ELES.
   Obrigada jira, aparecida e bordada!