Vamos falar sobre futebol?

O crime está institucionalizado no congresso nacional, pelo voto direto, secreto e obrigatório. Um dia terão de extirpar essa obrigatoriedade, pois contraria o próprio princípio constitucional da liberdade individual.

Todo mundo sabe disso e esquece quando senta em frente ao televisor com ou sem um bom prato de comida com coca-cola. Depois vem o sono e no dia seguinte tem que acordar cedo para trabalhar.

Todo trabalho rotineiro entedia e esgota os nervos, a ponto de ocasionar diversos transtornos psíquicos, às vezes imperceptíveis para a maioria. Sofrem também de gastrite, náuseas e crises existenciais; rangem os dentes à noite, com bruxismo de uma vida levada às pressas, aos gritos, tapas, trancos e solavancos.

A violência começa de cima e ninguém quer saber de você, sua dor no pé, se tem ou não chulé, se seu time ganhou no meio ou final de semana, se está ou não na liderança, se segue boa sequencia. Os jogadores, pelos menos os famosos, os quais possivelmente possam jogar no seu time de coração, estão milionários, esbanjando saúdo, dinheiro, mulheres, carros e correntes de ouro e penteados extravagantes. Riem de tudo isso, a mídia e o culto pelo clube e por eles. O clube hoje é uma empresa multimilionária, uma instituição fria em busca de parcerias e boas negociações para a manutenção de seus capitais de giro e a mantença de seus servidores, diretores, jogadores, etc, etc, etc... Enquanto milhões lotam estádios, muitos gastando o suor do mês para uma única partida, mesmo desdentado, por uma paixão quase que incompreensível aos olhos da razão. Não entrarei aqui no mérito com relação ao método filosófico sobre compreensão das paixões, mas, cá entre nós, a pelo futebol em princípio nos afigura como a mais irracional. O cidadão defende-se quando seu time está em jogo como se estivesse num campo de batalha medieval, como se lhe ofendessem a honra, um filho, mãe ou mulher, como se aquilo fosse o que de mais alto e nobre existente em sua vida. E espanca e mata quem é contrário, o torcedor rival.

É indigesto ver batalhas campais decorrentes da paixão por um clube de futebol! Não mais como antes, as coisas neste âmbito se retroagem, deixando de lado a fantasia de seu clube de bairro, sustentado pelos sócios moradores da região, como o Juventus da Mooca, o Jabaquara de Santos ou o Americano de Miguelópolis.

Falar sobre futebol se tornou risco de vida. É preciso saber com quem brincar. Por qualquer coisa, no que diz respeito ao time do peito, perde-se a compostura. Pode blasfemar, falar mal de Deus e do diabo, mas falar mal do time a coisa fica feia.

Usar camisa ou símbolo colado no carro então, é loucura. Ir a estádios, só se for a show de rock, há mais civilidade, certamente...

Continua na próxima tiragem..., isto é, se meu time ganhar...

Savok Onaitsirk, 05.08.11.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 05/08/2011
Reeditado em 05/08/2011
Código do texto: T3141342
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