A cidade que nunca dorme

Nova York me recebeu com muita chuva, trânsito e os clichês que vejo nos filmes. Mulheres “Sex and the City”, estilosas com suas sacolas de roupas novas e ar de independência; milhões de taxis amarelos ocupados, mais quinhentas mil pessoas gritando por outros taxistas; cafés em copões com tampinha; Mc Donald’s de porções gigantes; uma barraca de hot dog em cada esquina.

 

Na Times Square, um show à parte. Uma ópera inundava o ambiente e deixava tão clássica, quase romântica, a agitação disforme da cidade grande. Buzina, correria, nervos a flor da pele, dinheiro circulando. Tudo em imaginário slow motion graças a trilha sonora e a combinação de luzes dos imensos outdoors, exagerados como o ego dos homens que pensam que podem personalizar o mundo.

 

Já na Broadway, mais clássicos, em letreiros coloridos competindo entre si: Mary Poppins, Lion King, Phantom of the Opera. Mas a arte não para por ali. Pode ser vista no MoMA, Metropolitan, Guggenheim, e nas ruas – com mímicos, músicos, dançarinos embalados por iPods e pintores que ainda não chegaram a museus.

 

Enquanto na Wall Street a paisagem é de ternos tão cinzentos quanto a fumaça saindo dos estressados fumantes que respiram economia, outra parte da cidade pode inspirar ares mais tranquilos. São os encantos do Central Park, com bebedouros para pessoas e cachorros, esquilos escalando árvores e um tapete de grama que serve de palco para corredores, “caminhantes”, pensadores e apaixonados.

 

E para não estragar esse clima romantizado dizendo que o metrô de Nova York é capenga e porco, vou denominar de... rústico. Como se fosse proposital ter a tecnologia dos trens subterrâneos com ares ultrapassados, marcados pela ferrugem e o desgaste.

 

Assim se fez porque a cidade em si é, por todo lado, a agressiva interação da arquitetura antiga, composta de tijolos e barro, com as modernas edificações em vidro, metal e luzes. Deste jeito, fica até harmônico, combina com a Big Apple, subir as escadas encardidas do subway para dar de cara com uma mega estrutura de prédios e a multidão heterogênea que dá vida a essa cidade que nunca dorme.