Das algemas do ladrão

Wilson Correia

As algemas, assim nomeadas as pulseiras destinadas ao uso por quem envereda pelo crime, provoca furor nas altas hostes politiqueiras da nação.

A educação que recebi me diz que honesto é honesto e que ladrão é ladrão. E que cada um vivesse as consequências ou as benesses do que faz as próprias mãos.

As algemas apenas travam a prestidigitação daqueles que usam o cérebro e o polegar opositor para desviarem dinheiro do povo, a rodo e de montão.

Mas a força-tarefa “labiaboriosa” que atua desde as planícies brasilienses dizem que as coisas mudaram. É proibido algemar o meliante, impulseirar o ladrão.

Não qualquer meliante, nem ladrão. De galinha, pode. Não pode o que rouba de milhão e o suor sagrado do filho, do pai, da mãe, do escorchado cidadão.

Como dói ver na fila o senhor que passou dos setenta cabisbaixadamente esperando que lhe digitem os algarismos da senha para apanhar o bolsa família.

É desses bolsistas todos aí, de mim e de você, que os que roubam de milhão roubam e roubam o nosso país, o conjunto dos trabalhadores, toda a nação.

Mas, para eles não pode haver algema. Que pena! Que a pena fique com todos nós. Os ossos também, que a galinha de ovos de ouro tem dono: o ladrão.

Dono desalgemado. De cara deslavada. Que rouba de milhão, enquanto penaliza o povo sofrido a viver cativo, em um quase servilismo, uma quase escravidão.

Um dia esta nação acordará, creio aqui com meu botão. Fará dar ao povo a justiça, essa que também não quer algemados os cafetões da nossa cidadania.