Sobre linhas tênues
Com ou sem sombrinha, difícil mesmo é se equilibrar nas cordas bambas da vida. Pelas linhas tênues que percorremos, o tombo parece sempre o próximo passo.
Vivemos, afinal, entre a agonia das longas saudades e o enfado do convívio diário.
Entre a timidez que desperta o interesse e a quietude inerte que entedia.
Entre a inteligência que faz amigos e o pedantismo que os afasta.
Entre a felicidade que contribui para a felicidade dos que gostamos e a euforia, tão somente.
Entre o otimismo, tão somente, e a ingenuidade da expectativas frustrantes.
Entre a paciência de esperar e a omissão de preferir não agir.
Entre a beleza que encanta e a beleza que intimida.
Entre o amor cuidadoso e preocupado e o apego obsessivo.
Entre o amor descuidado e o desamor.
Entre o amor como objetivo e o amor como objeto.
Entre as coisas ruins que fazem bem e as coisas boas que fazem mal.
As linhas tênues da vida são mesmo um convite ao tombo.