INSIGNIFICANCIA
 
Penso e escrevo muita coisa sobre Fé, Religião e Deus, quanto às dúvidas, incertezas e perguntas sem repostas.
 
Mas lá no fundo, bem lá no fundo mesmo eu ainda creio que acredito na existência de um Deus, pois sinto necessidade de uma força superior que possa me ajudar quando algo foge ao meu entendimento e controle, ou quando me sinto incapaz de encontrar uma saída ou solução. Porém, tenho sérias dúvidas quando rezo ou oro, e explico o por que:
 
Posso parecer grande e com alguma importância para eu mesmo e para pessoas próximas, mas se for me distanciado e me vendo cada vez mais longe, do alto de um prédio, de um avião em vôo, de um satélite, observando minha dimensão e proporção em relação á multidão, ao bairro, à cidade, ao estado, ao país, ao continente, ao planeta, ao sistema solar, á galáxia, vejo que sou minúsculo. Muito menor que um vírus em relação a eu mesmo.
 
Pergunto-me: - Como um ser superior que governa todo o universo iria ouvir ou mesmo atender um simples ser, que ora pedindo algo que para ele pode ter importância, mas para a imensidão do universo não é nada?
 
Seria algo dimensional como um dos átomos, que compõem uma molécula, que faz parte de uma célula, que habita num vírus, presente numa célula, fazer um pedido para eu, que sou supostamente o Deus deles.  Como e porque eu iria ouvir e atender? Que importância teria um desejo daquele átomo em relação ao todo que sou eu?
 
Que importância tem a minha particular necessidade, seja ela qual for, em relação ao infinito universo em transformação?  Tantas milhões de pessoas já fizeram milhões de pedidos, orações, rezas e promessas em milhares de anos à Deus.  Por que um ser preocupado com as imensidões do universo iria dar importância a alguém que ora pedindo uma cura para um mal, um emprego, um conforto diante de uma perda, ou qualquer outro pedido?
 
Não consigo crer que havendo um Deus ele iria sequer se importar com uma preocupação de tal insignificância.  Ainda se o pedido fosse algo como curar o planeta, impedir uma catástrofe de grandes proporções talvez houvesse lógica em atender. Mesmo assim seria algo insignificante comparado ao Universo com suas milhares de galáxias, sistemas solares e planetas. Algo que considero de grande proporção e importante para a humanidade é infinitamente insignificante para o universo.
 
Talvez sejamos apenas algum tipo de vírus que habita a célula Terra na condição de um parasita, sugando sua vida ao ponto de destruí-la e quem sabe saltando para outra célula. Talvez se deslocando para a célula Marte, depois para a célula Vênus, e assim por diante. Por meio uma corrente similar à corrente sanguínea, que seria o trânsito de naves, onde continuaríamos o processo da parasitose ao hospedeiro, para destruí-lo de forma irracional. Iríamos destruindo as células (planetas) até que o corpo (galáxia) fosse destruído. Dessa forma quem sabe até o universo também fosse destruído.
 
Como um Deus universal iria querer ouvir e atender um ser insiginificante que se destrói e destrói seu habitat?
 
Será que realmente somos seres bons como pensamos ser?  O que é bom para nós, baseado em nossa insignificante cultura e conhecimento, pode ser algo abominável e mau pela ótica de um ser infinitamente sábio e superior, que com sua sabedoria universal concluiria que somos nocivos e danosos.
 
E agora, oramos ou não? Devemos rezar ou não?  Fazemos uma prece ou não fazemos?
Será que o que é bom para nós é bom para o universo?
Quem sabe se tudo que pedimos para termos saúde e nos mantermos vivos sejam algo que não pode ser atendido, pois nossa existência pode estar ameaçando não só a saúde do planeta, mas até mais que isso. 
 
Deus além de não nos atender, pode querer aplicar uma vacina (dilúvio) e acabar com os vírus (nós). 
 
Os cientistas já chegaram à conclusão que o universo está em transformação, e a todo o momento surgem novas estrelas (células novas), que envelhecem se apagam e viram planetas (células velhas), formando sistemas solares (partes do corpo humano), cujos conjuntos formam galáxias (pessoas).
 
 
E assim o micro mundo celular e o macro mundo universal, existem simultaneamente e se fundem, e Deus está no controle, mas nos permite o livre arbítrio.
 
E nos diz:
 
 “Façam o que quiserem e colham as conseqüências”.
 “Orem, rezem, façam preces, promessas, supliquem...

... mas não posso atendê-los, pois não quero tomar partido de sua autodestruição.

Claudio Cortez Francisco
Enviado por Claudio Cortez Francisco em 19/08/2011
Reeditado em 19/08/2011
Código do texto: T3168747
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