Revéillon retrô
A cueca vermelha era pra chamar amor. Nos outros anos foi branca, passou em branco...
Dinheiro nem tanto, mas naquele ano novo que brotava eu queria ser servido de amor.
A contagem regressiva, comecei às 19 horas. Estava vestido da bendita cueca vermelha. 19, 20, 21, 22, 23, Zero hora! O firmamento brilhava aos bordões com o espocar dos fogos. Que zoeira! Fui à beira da praia tomada de gente, pulei as sete ondas que pareciam intermináveis.
Eu tinha pressa, já era ano novinho em folha. Fui à fila de um pai de santo. Quis ouvir o que ele fava pro fulano da minha frente, parecia que ele falava baixinho de propósito para eu não ouvir. Na minha vez ele voltou a falar normal. Disse que o ano anterior tinha sido muito arrastado pra mim. O que tinha sentido. Mas neste ano novo tudo iria ser diferente.
O ano pareceu todo carnaval. Tantos beijos, tantos “eu te amo” que não duravam um mês. Promessas de água abaixo. O coração transformou-se num quati velho, de tantos arranhados.
Só depois de um punhado de anos que descobri que de amor não se é servido, amor se serve, e generosamente!
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♪ Roberto Carlos: Debaixo dos Caracóis dos seus Cabelos
♠ Blog aprovadíssimo: Ruas Sujas e Cheiro de Enxofre - Dmitri Tsirbala é um velho safado e boêmio, personagem de Adson Boaventura.
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