O DRAMA DA VIDA PÚBLICA XIII

ZAQUEU NO ELEVADOR

Viruslândia tinha mesmo virado notícia. A menor cidade do País possuía os maiores comentários a respeito de seu prefeito.

Zaqueu, eleito prefeito, foi para a Capital para conhecer o governador e alguns de seus secretários. Como fora criado numa cidade pacata, merecia ainda conhecer muitas coisas, mas ele era esperto.

Daquela vez, marinheiro de primeira viagem, desceu do ônibus, olhou para um lado da rua, olhou para o outro lado e sempre vinha um carro. Blasfemou várias vezes, pois não conseguia atravessar a rua de modo algum. Furioso como vento caribenho, sentou-se sobre a mala de canto duro, tirou a areia do sapato, abriu o embornal e retirou a paçoca.

Estava comendo o lanche, já um pouco mais tranquilo, quando um policial o atacou.

Não pode ficar aí na calçada, moço! Está atrapalhando os pedestres — disse o guarda.

— Desculpa seu guarda, mas tenho medo de atravessar a rua, porque onde quero ir fica daquele lado.

O guarda, um sujeito já acostumado com o povo do interior, pegou na mão do Zaqueu e o transportou para o outro lado da rua, que estava mais movimentada do que escada de igreja em saída de missa.

E lá ia Zaqueu. Andando despreocupado pela larga calçada avistou um hotel, o qual considerou digno para um prefeito. Parou, olhou, entrou e pôs a mala ao chão, chamou o recepcionista e disse:

— Tem um quarto?

— Temos muitos. De que tamanho o senhor quer?

— Um que caiba a mim e minha mala.

O atendente preencheu a ficha e pediu para que Zaqueu assinasse na linha pontilhada. Quando o mensageiro foi pegar sua mala para levá-la ao quarto, ele estrilou:

— Deixa minha mala moço!

O rapaz, educado e treinado para ser gentil, convenceu a Zaqueu que deveria levar seus pertences — era costume nos hotéis. O rapaz, franzino e malicioso, entrou no elevador e foi embora, levando a mala esfolada do Zaqueu para seu quarto.

— Agora chame o elevador e suba! — disse o atendente — seu quarto é o 202.

Zaqueu dirigiu-se à frente do elevador e esperou, enquanto o recepcionista atendia a outro viajante. Ele esperou, esperou e nada do elevador. Já estava deslocado tal qual santo em igreja evangélica, resolveu bater palmas para ver se o elevador aparecia.

Nesse ínterim, o elevador se abriu e uma senhora, feia como cobrança na segunda-feira adentrou o elevar, apertou log os botões e a porta se fechou, deixando o pobre Zaqueu no saguão. Dentro de poucos instantes, a porta do elevador se abre e dele sai uma morena de deter furação. Zaqueu, espantado, sai gritando:

— Milagre! Milagre! Acho que vou querer que a Maria e a Tonha deem uma voltinha nesse treco!

Hamynhas Mathnatha
Enviado por Hamynhas Mathnatha em 21/08/2011
Reeditado em 23/08/2011
Código do texto: T3172760
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