TÁ TUDO INVERTIDO


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Estava ouvindo um disco de Elis Regina e chamou-me a atenção a letra da música “Nega do Cabelo Duro” (Rubens Soares e David Nasser), pelo seguinte motivo: Se tal letra fosse construída nos dias de hoje, certamente sofreria brava censura dos patrulheiros de plantão que a acusariam de “extremamente racista”. Diz um trecho da letra: Nega do cabelo duro / Qual é o pente que te penteia? Outro trecho: Teu cabelo a couve flor / Tem um “que” que me tonteia / Minha nega, meu amor / Qual é o pente que te penteia?
 
Hoje tudo é motivo para processo e revolta. As brincadeiras inocentes de pouco tempo atrás como, por exemplo, referir-se a um careca como “aeroporto de mosquito”, pode levar o sujeito à prisão. Pelé foi chamado a vida toda de “negão” e nunca houve qualquer conotação racista nisso. Exemplos não faltam e a internet está repleta deles.
 
Os fatos estão mesmo difíceis de entender. Na véspera da Parada do Orgulho Gay de Ribeirão Preto, a Justiça mandou retirar da rua um outdoor que continha citações bíblicas, consideradas homofóbicas. Para a Defensoria Pública de São Paulo, que ingressou com uma ação civil pública contra a propaganda, as referências impressas no outdoor são ofensivas aos homossexuais.
 
Há de se pensar: o que está acontecendo com os nossos valores, aqueles que nossos pais nos ensinaram? O mundo parece que está de cabeça para baixo. Os valores (?) de hoje estão voltados para a falta de educação, a rebeldia, a desobediência, o levar vantagem, o furto das contas públicas, a corrupção desmedida em altos escalões do governo. Ser professor é sinônimo de “ser maltratado”, seja moral ou fisicamente. Agir corretamente é sinal de ser bobo. Devolver o troco que recebeu a mais é coisa de babaca. Cumprimentos são cada vez mais raros. Para onde estamos indo, ou melhor dizendo, onde já estamos?
 
O caso do outdoor de Ribeirão Preto leva a algumas reflexões:
- Até que ponto a Constituição pode interferir nos conceitos, opiniões e convicções religiosas? Se ser gay é um direito, ser religioso também o é.
- Não é um absurdo colocar a Bíblia como homofóbica?
- Não é livre a manifestação de pensamento?
- Pode um casal de homossexuais se agarrando em rede nacional, na novela da toda poderosa Rede Globo? Pois é, isso pode e a “justiça” se cala.
- Será que no dia em que um religioso citar esse trecho da Bíblia, será preso?
 
E o caso da maconha? É uma droga ilícita, portanto proibido o seu consumo. Há muito tempo Gabeira tenta sua liberação, sem êxito. Pela quantidade dos que participam das “promoções” pela sua liberação, ela rola solta por aí.
 
Tudo isso está diretamente relacionado a essa justiça brasileira de hoje, que é um insulto à definição verdadeira de justiça. Um escárnio, uma bofetada em quem ainda tem dignidade. A Polícia Federal prende e essa justiça solta os políticos corruptos e bandidos de colarinho branco, que desviam dinheiro público, cassando assim o direito do povo de ainda ter esperança neste país cada vez mais traído. E essa justiça é a mesma capaz de condenar à prisão uma doméstica por furtar um bombom para dar de comer ao filho.
 
Ao mesmo tempo, circula na internet uma frase atribuída a Juan Árias, correspondente no Brasil do jornal espanhol El País, que diz: “Que país é este que junta milhões numa marcha gay, outros milhões numa marcha evangélica, muitas centenas numa marcha a favor da maconha, mas que não se mobiliza contra a corrupção?”.
 
Sinto vergonha de viver no Brasil de hoje. Sinto vergonha de ver no que estamos nos tornando por omissão da maioria e pela ação maligna de uns poucos.
 
ET: Aleksander Coronado Braido da Silva é o nome do juiz de Ribeirão Preto que ordenou a retirada do outdoor “homofóbico”.
 

 
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Arnaldo Agria Huss
Enviado por Arnaldo Agria Huss em 22/08/2011
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