Reconstrução

Ela chegara em casa e encontrara a mesma vazia. As marcas de poeira em torno dos pés dos moveis que ele levara consigo ainda persistiam.
Lembranças de um passado remoto haviam ficado para trás: fotos, cartões de aniversario, embalagens de presentes, livros sobre fotografia, frascos de perfume vazios, palavras cruzadas... Lembranças, muitas lembranças daquela relação conjunta que havia virado pó... Tudo se desintegrara.
Ela olhava com amargura para as rachaduras da parede imaginando que o mesmo haveria acontecido com sua alma, por onde haveria evaporado todo aquele desejo que um dia havia habitado seus sentimentos. Tudo havia se tornado nuvem etérea e haveria se dissipado para o cosmos, tudo.
Subitamente um desejo de limpeza toma conta de sua alma, e furtivamente ela assume um papel em sua casa nunca antes assumido. Nunca em sua vida uma tarefa havia se tornado tão urgente, e freneticamente inicia movimentos de reconstrução em seu próprio habitat: moveis mudam de lugar, embalagens vazias são descartadas, roupas velhas e abandonadas viram trapos para faxina, almofadas e bibelôs são embalados e guardados, lembranças são descartadas...
Tudo que lhe proporcione uma sensação de dever cumprido e alma leve... Tudo que lhe de condições de respirar novamente e reiniciar o caminho, lhe de ânimo e fôlego para recomeçar.

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Karina Aldrighis
Enviado por Karina Aldrighis em 23/08/2011
Código do texto: T3177232
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