Crendice

Wilson Correia

O carro lotou-se de cinco jovens. A noite seria apenas uma criança a mais. Quem não merece festa? Afinal, era sábado, o dia internacional das compensações hedonistas básicas. Mas uma carreta pesada resvalou no veículo. Quatro a salvo e um assassinado pela violência maquinal. À direita, agradeciam às divindades salvadoras do quarteto, o qual reuniu a cidade inteira ao redor de si. À direita, mãe e pai, sem ninguém por perto, indagavam às divindades o que o filho havia feito de tão mal para merecer morrer tão cedo. Ao que o passante observou: “Na vida é assim mesmo: o reverso vira verso e, não raramente, torna-se a verdade que impera, filha da crença alimentadora de nossa crendice sempre ‘imparcial’”.